Moradores do Humaitá protestam contra acúmulo de lixo e exigem ação da prefeitura

Resíduos e animais mortos bloqueiam comércio, casas, creche e praça

Galeria: Protesto cobra da prefeitura retirada de entulhos no Bairro Humaitá Pedro Piegas/CP

No bairro Humaitá a insatisfação da população atingiu seu auge com um protesto realizado na manhã desta quinta-feira, 13. Os moradores estão exigindo ação imediata da prefeitura para a retirada de resíduos que têm se acumulado pelas ruas, bloqueando a entrada de comércios, casas, creche e praça.

A população espera que a manifestação chame a atenção das autoridades e resulte em ações concretas. Previsão de chuva para esse final de semana aumenta a preocupação dos moradores.

Os moradores falaram que foram orientados a largar os resíduos na rua principal, Dona Teodora, para que fosse retirado pelas equipes de limpeza.

Dila Nunes mora no bairro há 22 anos. Ela revelou que em uma reunião com representantes da prefeitura chegou a ser falado o prazo de 20 dias para a retirada dos resíduos nas ruas paralelas. Dila também disse que a comunidade chegou a lavar a cancha da praça para as crianças poderem brincar, mas o entorno está repleto de pilhas dos resíduos retirados das casas o que dificulta o acesso das crianças.

“Tem lixo, animal morto, rato, caco de vidro, como as crianças vão entrar lá? As crianças precisam brincar. Foram muitos dias fechados, em casa de família ou em abrigos”, contou destacando que a creche do bairro está limpa e os pais aguardam a reabertura em pelo menos meio turno.

Camila mora no bairro há 15 anos e disse que a sua maior preocupação é com a chuva que está prevista para o final de semana. “Essas coisas não saíram das ruas ainda. Como vamos fazer com as crianças pequenas. E se essa água entrar em casa de novo”, questionou.

Janaina da Costa mora no bairro há 35 anos. Ela está muito preocupada com as condições sanitárias que o bairro está apresentando, principalmente porque seu filho passou recentemente por uma cirurgia. “Um fedor de podre que não dá para aguentar. Os ratos comendo nas nossas panelas e dormindo nas nossas camas”, disse.

“Nós estamos sendo tratados como lixo. Não podemos nem sair de dentro de casa. Faz 15 dias que voltamos para casa e não vieram tirar o lixo”, disse Eleine de 71 anos, revelando que saiu na última hora durante a enchente, pois nunca imaginara que as águas devastariam tudo. “Na minha casa só tem quatro paredes”.

Eloisa Falcão, 64 anos. comprou uma casa no bairro em março. Ela revelou que está bem difícil conviver com as montanhas de lixo. “Eles já limparam a Dona Teodora, umas duas vezes, mas não entram nos acessos. É uma discriminação, eles limparem a avenida e deixarem o resto. Limparam os bueiros, mas se chover vai tudo para os bueiros”.

Enio Geraldi, 70 anos, foi para o bairro há dois anos para ficar com a mãe, que faleceu nos primeiros dias da enchente. Ele contou que ficou 28 dias em um abrigo em cachoeirinha. Geraldi revelou que só não perdeu a geladeira e que não conseguiu fazer o cadastro para receber os benefícios do governo.

O Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) esteve no local da manifestação e desobstruiu a via. O servidor André Carolino revelou que as equipes do DMLU estavam em outra parte do bairro retirando os resíduos, e que devido a solicitação dos moradores, houve mudança do roteiro de limpeza e garantiu que na parte da tarde as equipes devem chegar no entorno da rua Monsenhor Severino Brum. “Eu acertei com os moradores, e como a situação está crítica, nós vamos entrar hoje a tarde e iniciar a limpeza”, disse ressaltando que serão necessários alguns dias para a finalização do trabalho.

Em nota, a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb), por meio do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), afirmou que “a prefeitura está empenhando esforços extraordinários na força-tarefa de limpeza da cidade, que já retirou 58.030 toneladas de resíduos até o momento. Houve reforço nas equipes, com a contratação emergencial de efetivo, ultrapassando o quantitativo de mil garis empenhados na operação especial, e também 467 equipamentos, entre caminhões e retroescavadeiras.”
Segundo o diretor-geral do DMLU, Carlos Alberto Hundertmarker, o departamento segue atento aos desdobramentos do protesto, seguindo o cronograma estabelecido para os bairros mais afetados pela cheia do Guaíba, priorizando a liberação das vias de maior fluxo de trânsito.