O motoboy negro Everton Henrique, que foi preso após ser esfaqueado, nesse sábado, diz sentir-se injustiçado pela ação dos policiais do 9º Batalhão de Polícia Militar (9º BPM). Segundo Everton, ele e outras testemunhas acionaram os policiais para conter a confusão que terminou com o motoboy sendo atingido por um golpe de faca no pescoço. Conforme ele, os brigadianos ao chegarem no local, mesmo sendo vítima, foi tratado de maneira agressiva e acabou sendo detido.
“Eu e outras testemunhas chamamos a Brigada Militar. Depois de uns 15 minutos, eles apareceram, mas não souberam verificar os fatos para ver quem era a vítima e não o senhor que estava falando com eles. Os brigadianos estão alegando que eu fui brusco, mas não fui. Só falei que iria aceitar ser algemado se o meu agressor fosse também”, afirmou Everton.
Segundo o motoboy, situação, que repercutiu nacionalmente, poderia ter sido evitada se a abordagem fosse mais tranquila por parte dos policiais.
“Qualquer pessoa ia se sentir mal neste momento. Nós vivemos em um Brasil que tem as suas diferenças e temos de respeitar elas para termos um país ótimo e, antes de qualquer ato, tem que procurar conversar antes de sair agredindo”, completou o motoboy.
Everton está sendo representado pelo advogado do Sindicato dos Motoboys do Rio Grande do Sul, Felipe Carmona, que diz já ter acionado o Ministério da Justiça devido a possíveis violações de Direitos Humanos. Através de nota oficial, o 9° Batalhão da Polícia Militar informou que o Comando de Policiamento da Capital da Brigada Militar (CPC) abriu sindicância para apurar as circunstâncias da abordagem.
Na tarde desta segunda-feira, o motoboy será ouvida no 9º BPM e na Terceira Delegacia de Polícia de Porto Alegre.
Nota da BM
Por determinação do governador Eduardo Leite, a Corregedoria da Brigada Militar abriu uma sindicância para apurar as circunstâncias da abordagem de policiais do 9° Batalhão da Brigada Militar em ocorrência no bairro Rio Branco, em Porto Alegre, na manhã deste sábado (17/2), em que dois homens foram conduzidos à 2ª Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento.
Após realizarem depoimentos e perícias, ambos foram liberados. A Polícia Civil registrou dois boletins de ocorrência – um por lesão corporal e outro por abuso de autoridade – e investigará os casos por meio de novos depoimentos de testemunhas e análise das imagens.
O governo do Rio Grande do Sul se compromete a dedicar ao caso uma apuração célere e rigorosa.
Secretaria da Segurança Pública/RS