O hacker Walter Delgatti Neto, conhecido por ter acessado diálogos de membros da operação Lava Jato, teve momentos de embate com o senador Sergio Moro (União Brasil-PR), nesta quinta-feira, durante o depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro. Delgatti chegou a chamar o parlamentar e ex-juiz titular da força tarefa em Curitiba de “criminoso contumaz”.
“Eu fui vítima de uma perseguição em Araraquara, inclusive comparável à perseguição que o senhor fez com o presidente Lula e o PT. Ressaltando que eu li as conversas de vossa excelência, li a parte privada, e posso dizer que o senhor é um criminoso contumaz. Cometeu diversas irregularidades e crimes”, disse Delgatti.
Moro retrucou: “O bandido aqui, que foi preso, é o senhor. O senhor é inocente como o presidente Lula, então?”. “Nós temos um depoente que é acusado e processado por diversos crimes de estelionato. Há um caso de condenação de que envolveria 44 vítimas, sinais claros de que ele está envolvido em práticas criminosas e faz do crime a sua profissão”, prosseguiu o senador.
O parlamentar, que era o juiz da Lava Jato, iniciou a inquirição perguntando a Delgatti a quantos processos por crime de estelionato ele responde. Moro ainda ironizou o tempo que o hacker levou para responder e disse: “se perdeu a conta, pode seguir, por gentileza”.
O hacker, respondeu que se lembra de ter sido julgado em ao menos quatro ações, sendo absolvido em todas elas. Moro insistiu que Delgatti respondia a mais de 40 processos e, diante das ofensas mútuas, o vice-presidente da CPMI, Cid Gomes (PDT-CE), pediu por respeito de ambas as partes.
“Eu vejo colegas tomando a palavra dele como se fosse uma verdade absoluta, quando estamos diante de um estelionatário condenado”, afirmou Moro. “Esse herói já fez como vítima diversas pessoas inocentes, não só hackeando, mas roubando valores”, disse.
Delgatti rebateu as afirmações de Moro dizendo que ele espalha fake news. O senador usou todo o tempo para questionar o hacker sobre o histórico de condenações na Justiça. Moro perguntou, por exemplo, qual a intenção de Delgatti ao invadir o celular do senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AL). Ele respondeu ser imparcial e que chegou a invadir um celular registrado com o nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas que não havia nada no dispositivo.
Delgatti ficou conhecido em 2019 por ter invadido celulares e vazado mensagens atribuídas a Sergio Moro e a integrantes da Operação Lava Jato. No início deste mês, o hacker voltou a ser preso pela invasão de sistemas da Justiça para inclusão de um mandado falso de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Em depoimento ontem à PF, Delgatti disse que recebeu R$ 40 mil da deputada Carla Zambelli para fazer o serviço.
*Com informações da Agência Estado (AE)