O deputado federal cassado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) esteve em Porto Alegre, nesta terça-feira. Ex-procurador da Lava Jato, ele falou sobre a possibilidade de ter recursos atendidos pelo Supremo Tribunal Federal. “Esperança zero de retomar o mandato a partir de um julgamento do STF na configuração que nós temos hoje. Ainda mais debaixo de um governo Lula que busca vingança contra todos que trabalharam na Lava Jato”, disse, após receber a Comenda Porto do Sol, na Câmara dos Vereadores da capital.
Questionado sobre as investigações do Ministério Público Federal que recaem sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Deltan evitou opinar sobre a culpabilidade do antigo chefe do Executivo por não conhecer os autos, diferente das investigações das quais participou contra Lula (PT). “Minha visão é que toda pessoa que pratique uma falta deve ser investigada. O que não significa que existem indícios em relação a ‘a’ ou ‘b’, fulano ou cicrano. Isso deve ser apurado pela Justiça”, disse.
Deltan também criticou a escolha do advogado Cristiano Zanin para ocupar uma cadeira no STF. “Vejo como uma quebra do princípio da impessoalidade, vejo o Lula indicando alguém que é seu amigo, por ser seu amigo”, avaliou.
Embora inelegível, o ex-procurador afirmou que vai manter a atuação política, embora evite detalhar como isso deve ocorrer. Questionado se deve atuar como uma espécie de cabo eleitoral nas eleições de 2024, Deltan disse que tudo vai ser revelado “no momento oportuno”.
A Comenda Porto do Sol para Dallagnol decorre de uma proposta do vereador Ramiro Rosário (PSDB), que apresentou no telão uma recriação do famoso powerpoint de Deltan, colocando o que considera feitos do ex-procurador na imagem.
Prestigiaram a homenagem o deputado estadual Felipe Camozzato (Novo), o presidente da Câmara, Hamilton Sossmeier (PTB), o vice-prefeito de Porto Alegre, Ricardo Gomes (PL), e os vereadores Tiago Albrecht (Novo), Mari Pimentel (Novo), Comandante Nádia (PP) e Alexandre Bobadra (PL) – este último, cassado nesta terça pelo Pleno do Tribunal Regional Eleitoral do RS, em sessão que ocorria simultaneamente. Ele deixou o local sem comentar a situação com a imprensa.
Relembre o processo de cassação de Dallagnol
O ex-procurador da operação Lava Jato teve o mandato cassado por unanimidade pelo TSE, em 16 de maio. Segundo a Corte, ele antecipou a saída do Ministério Público Federal (MPF) para evitar eventuais procedimentos administrativos disciplinares e contornar, assim, a lei da ficha limpa. O Tribunal definiu, por 7 votos a 0, pela cassação de mandato. Desde então, Dallagnol aguardou o rito tramitar na Câmara dos Deputados.
A decisão do TSE se deu a partir da análise de ações enviadas pelo Partido da Mobilização Nacional (PMN) e pela federação Brasil da Esperança (PCdoB, PT e PV), ambos do Paraná, contra decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) que havia deferido o registro de candidatura do político.