O ministro da Justiça, Flávio Dino, rebateu críticas feitas pelo ex-ministro do Trabalho Almir Pazzianotto sobre operação da Polícia Federal (PF) contra o general Mauro Lourena Cid. O general é pai do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, e se tornou alvo de uma operação da Polícia Federal na última sexta-feira. Ele é suspeito dos crimes de peculato e lavagem de dinheiro ligados ao caso das joias recebidas pelo ex-presidente de governos estrangeiros durante o mandato.
Em uma rede social, Pazzianotto disse que “Flávio Dino comete grave erro estratégico ao determinar a invasão da residência de um general quatro estrelas por agentes da Polícia Federal”. E continuou: “A violência desnecessária atinge oficiais da ativa e da reserva. O comandante do Exército foi ouvido e concordou?”, questionou o ex-ministro. Pazzianotto atuou como ministro do Trabalho entre 1985 e 1988, durante o governo de José Sarney.
Em resposta, Flávio Dino afirmou que não houve “invasão” da casa do general. “Eminente ministro, em respeito à sua história, esclareço que não houve ‘invasão’. A Polícia Federal cumpriu um mandado de busca e apreensão, expedido pelo Poder Judiciário, nos termos da Constituição e do Código de Processo Penal”, respondeu.
A PF investiga a utilização da “estrutura do Estado brasileiro para desviar bens de alto valor patrimonial, entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado, por meio da venda desses itens no exterior”.
Além da proximidade com a família do ex-presidente, Lourena Cid ocupou importantes cargos no Exército brasileiro antes de ser transferido para a reserva, em 2019. Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que chegou à CPMI do 8 de Janeiro aponta que o general e a esposa — pais do tenente-coronel Mauro Cid — movimentaram cerca de R$ 2,5 milhões em transações atípicas em um período de 15 meses.
Durante a investigação, a Polícia Federal identificou o rosto do general no reflexo de uma foto utilizada para negociar, nos Estados Unidos, esculturas recebidas como presente oficial. A imagem aparece anexada ao documento de decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou os mandados de busca e apreensão.
Além do pai de Mauro Cid, também foram alvo da operação o tenente do Exército Osmar Crivelatti e o advogado da família Bolsonaro Frederick Wassef.