Salles fala em encerrar CPI do MST, com esvaziamento da oposição

Manobra entre governo e Centrão trocou deputados da comissão esta semana

Foto: Myke Senna / Agência Câmara

Depois de o governo articular com o Centrão para minar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Sem Terra (MST), o colegiado pode antecipar o relatório final e encerrar as atividades na semana que vem. Segundo relator da comissão, deputado Ricardo Salles (PL-SP), com a apresentação do documento, existe a possibilidade de a próxima terça-feira ser o último dia de trabalho da CPI.

Em meio à reforma ministerial, o Planalto conseguiu desidratar a oposição no colegiado, com a substituição de pelo menos oito parlamentares alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). De acordo com a Agência Estado (AE), as negociações foram capitaneadas pelo líder do governo, José Guimarães (PT-CE). Além disso, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anulou a convocação do ministro da Casa Civil, Rui Costa, uma das principais apostas para constranger a gestão Lula.

Salles, o presidente da comissão, deputado Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), e integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária vêm tentando convencer líderes partidários a reverter as trocas para tentar dar sobrevida à CPI. Zucco recorreu ao presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Pedro Lupion (PP-PR), mas Salles já projeta o fim da comissão. “Vamos fazer o relatório, deixar ele pronto para, eventualmente, apresentar na terça-feira depois do Stédile”, disse o relator, em referência ao depoimento do líder do MST, João Pedro Stédile, previsto para a próxima semana. Instalada em maio, a comissão precisa ser concluída até setembro.

A sessão desta quinta do colegiado sinalizou como deve ser o trabalho da oposição – agora sem maioria na comissão. A audiência de quase seis horas com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, passou sem embates. Parlamentares chegaram a deixar a sessão, que terminou com cinco deputados presentes. Um dos substituídos, Coronel Meira (PL-PE) afirmou que a CPI se tornou alvo de um “ataque à democracia”.

Já Teixeira aproveitou a audiência para criticar o acordo do Tribunal de Contas da União que suspendeu o programa de reforma agrária e afirmou que o governo vai retomar as demarcações de terra. “Ninguém quer conflito. Queremos paz no campo”, declarou.

*Com informações da Agência Estado (AE)