Em meio às discussões sobre a continuidade das obras no Parque Harmonia, ambientalistas promoveram neste domingo, na Rótula das Cuias, na Orla do Guaíba, mais uma manifestação contra a remoção de vegetais da região. Integrantes do Movimento Salve o Harmonia, que reúne cerca de 70 entidades, entre as quais o Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais (InGá), exibiam faixas com mensagens pedindo a suspensão das obras e denunciando o impacto ambiental à fauna.
Enquanto a mobilização dos ambientalistas ocorria do lado de fora do parque, um show estava previsto para o final da noite no Harmonia. Na avenida Augusto de Carvalho, filas de carros se formavam do lado de fora para acessar o estacionamento, onde o valor cobrado era de R$ 50,00 por automóvel. Além de cobrar um estudo de impacto ambiental, os ativistas voltaram a criticar a prefeitura de Porto Alegre, que concedeu licença à concessionária GAM3 Parks para o corte de 1/3 da arborização do parque, o equivalente a 400 árvores. Ao todo, o local tinha 1.253 árvores antes da concessão.
Conforme o coordenador do InGá, Émerson Vieira Prates, a mobilização visa chamar atenção da população para a importância de políticas públicas para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. “O objetivo é destacar a importância que tem essas barreiras de proteção contra as mudanças climáticas que a gente tem perto dos rios e da mata ciliar contra esses tornados e eventos climáticos que estão acontecendo aqui em Porto Alegre”, afirmou, acrescentando que o grupo é favor da preservação da cultura gaúcha e da realização dos festejos farroupilha no local.
“Temos que preservar a cultura gaúcha no parque com aquelas características que ele foi criado, com características de Bioma Pampa, com grama, campo, árvores em pé, com pássaros, Quero-quero”, reforçou, destacando que as obras podem acabar descaracterizando o evento. Conforme os ambientalistas, no Harmonia viviam 85 espécies de aves. Sobre a remoção das 103 árvores, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) já se comprometeu a plantar cinco mudas para cada árvore retirada.
“Não podemos depender de compensação ambiental”, criticou. “Leva 40 anos para ela voltar a cumprir o seu papel no meio ambiente, voltar a absorver o CO2 de novo como deve ser e transformar em oxigênio. A gente tem que preservar o que tem e se agarrar no que dá. E exigir políticas de proteção e de mitigação contra mudanças climáticas”, completou. Na avaliação de Prates, a remoção das árvores significa o fim de barreiras de proteção natural. Amortecem a velocidade do vento para que não cheguem em áreas urbanas derrubando tudo. Essa é a função delas além de limpar nosso ar”, afirmou.