Depoimento de hacker deve ocorrer na próxima semana, sinaliza presidente da CPMI do 8 de Janeiro 

Segundo o deputado Arthur Maia, suspeito deve falar à comissão após a oitiva de Anderson Torres

Foto: Reprodução / Instagram Carla Zambelli

O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, o deputado Arthur Maia (União Brasil-BA), sugeriu que o depoimento de Walter Delgatti Neto, conhecido como o “hacker da Vaza Jato”, deve acontecer na próxima quinta-feira, dia 10. Delgatti teve a convocação aprovada pelo colegiado, nesta quinta, mesmo sob os protestos da oposição. A ala governista acusa o hacker de “envolvimento na promoção dos atos criminosos contra a democracia e as instituições públicas brasileiras”.

A data da oitiva ainda vai ser confirmada pela Mesa Diretora da comissão. No entanto, Maia e a relatora da CPMI, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), disseram concordar com que o depoimento ocorra entre as próximas sessões.

A Polícia Federal prendeu Delgatti na operação que apura a invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Por se tratar de uma convocação, ele é obrigado a comparecer ao colegiado.

“Esse hacker diz agora que foi levado pela deputada Carla Zambelli [PL-SP] à presença do ex-presidente Jair Bolsonaro [PL], que simplesmente disse que gostaria que ele invadisse as urnas eletrônicas para demonstrar que as urnas eletrônicas eram fraudáveis. Isso alimentaria todo o espírito bolsonarista de golpe que veio a culminar com a tentativa violenta de 8 de janeiro. Portanto, esse hacker é fundamental que seja ouvido aqui”, afirmou o deputado Rogério Correia (PT-MG) na comissão. Ele é vice-líder do governo na Câmara e um dos autores do requerimento de convocação do hacker.

Em depoimento à PF, Delgatti Neto disse que o assunto pautou uma reunião no Palácio da Alvorada. Ele respondeu à corporação que o pedido de Bolsonaro “não foi adiante, pois o acesso que foi dado pelo TSE [ao código-fonte] foi apenas na sede do tribunal” e que ele não tinha como comparecer à sede da Corte.

Depoimento de Anderson Torres
O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e ex-secretário de Segurança Pública do DF Anderson Torres, que é investigado por suspeita de omissão em relação aos atos extremistas, deve depor na terça-feira, dia 8.

Ele era titular da pasta no DF; mas dias antes dos ataques viajou com a família para os Estados Unidos. Torres acabou preso em 14 de janeiro, ao retornar ao país.

Ao todo, foram 117 dias de prisão. Em maio, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liberdade provisória ao ex-ministro.

Moraes determinou a ele que use tornozeleira eletrônica, tenha o porte de arma de fogo suspenso, não deixe o país, não use redes sociais e não mantenha contato com outros investigados no inquérito sobre o 8 de Janeiro. Ele também deve permanecer afastado do cargo de delegado da Polícia Federal.