A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos de 8 de janeiro quebrou nesta quinta-feira uma série de sigilos bancários, fiscais, telefônicos e telemáticos de pessoas e empresas.
Entre os alvos, o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro; Anderson Torres, o secretário da Segurança do Distrito Federal na data da invasão dos prédios dos Três Poderes; e militares do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), entre eles, o ex-ministro Gonçalves Dias e o ex-secretário-executivo da pasta, o general Carlos Penteado.
A CPMI também aprovou o acesso a vários Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs), documentos que trazem a movimentação bancária de suspeitos, produzidos pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Entre os RIFs solicitados, os de Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) do governo de Jair Bolsonaro, e do hacker Walter Delgatti Neto, preso nesta quarta-feira acusado de invadir os sistemas eletrônicos do judiciário. Walter também deve depor ao colegiado.
A CPMI também aprovou o acesso a informações e a quebra de sigilos fiscais e bancários de uma série de empresas suspeitas de financiarem as manifestações após o resultado do 2º turno das eleições presidenciais de 2022. Entre elas, as empresas SIPAL Indústria e Comércio e Combat Armor Defense do Brasil.
Para a relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), essas quebras de sigilos vão dar elementos para as próximas oitivas da CPMI. “Estamos indo de forma sequencial. Em uma primeira leva pedimos os RIFs que focaram nos financiadores. E também aprovamos as quebras (de sigilo), especialmente do Mauro Cid, da Combat Armor e da SIPAL, que são empresas que têm indícios de terem participado de alguma forma desses financiamentos”, comentou.
Os pedidos de informações e as quebras de sigilos foram aprovados por acordo, com votos contrários apenas do deputado federal André Fernandes (PL-CE) e da senadora Damares Alves (Republicanos-DF).
A próxima sessão da CPMI, marcada para próxima terça-feira, deve ouvir Anderson Torres. A oitiva seguinte deve ser a do hacker Walter Delgatti Neto, segundo o presidente da Comissão, deputado federal Arthur Maia (União-BA), devido “a atualidade da questão”. “É possível que seja ele”, declarou Maia, nesta quinta.
Ministério da Justiça
O presidente da CPMI ainda informou nesta quinta-feira que o pedido para acessar as imagens internas do prédio do Ministério da Justiça e Segurança Pública está na mesa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, pediu para Moraes se manifestar sobre se essas imagens podem ou não ser entregues à CPMI. Com isso, Maia opinou que o impasse está encaminhado.
Na última sessão, Maia havia fixado um prazo de 48 horas para o ministro Dino entregar as imagens solicitadas pela CPMI. Dino negou a entrega argumentando que elas eram objeto de um inquérito da Polícia Federal ainda em sigilo.