O ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo Moura da Cunha, no comando do órgão em 8 de janeiro, durante os ataques às sedes dos Três Poderes, em Brasília, pediu ao Supremo Tribunal Federal para que o depoimento dele à CPMI do 8 de Janeiro ocorra em sessão secreta e sigilosa.
A audiência está marcada para esta terça-feira. No fim da tarde desta segunda-feira, o ministro Alexandre de Moraes concedeu à defesa de Saulo acesso a documentos e investigações no inquérito que apura a omissão de autoridades no 8 de Janeiro.
A iniciativa de ouvir Cunha partiu do senador Esperidião Amin (PP-SC), para quem a Abin agiu com omissão durante o episódio.
Segundo a defesa, composta de integrantes da Advocacia-Geral da União, pelo fato de Cunha ter atuado como diretor da agência governamental, Cunha se vê na posição difícil de prestar depoimento para falar de assuntos sobre os quais assumiu o dever legal de guardar sigilo.
Os advogados também pedem à Corte que determine que o depoimento de Cunha seja feito para a Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso Nacional, que controla e fiscaliza as atividades de inteligência e se reúne, em sessões secretas, mensalmente.
Dias antes do 8 de Janeiro, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) enviou um relatório sigiloso, elaborado pela Abin, ao Congresso Nacional. O encaminhamento do documento sugere que o governo federal sabia da possibilidade de eventuais ataques.
A agência informou que tinha identificado a convocação de diversas caravanas em direção à capital federal. No texto, a Abin apontou os riscos de eventuais distúrbios, sem que nada tenha sido feito pelo GSI.