Defesa de Mauro Cid alega serem regulares transações de R$ 3,2 milhões apontadas pelo Coaf

De acordo com os advogados do tenente-coronel, movimentações condizem com as reservas financeiras e o patrimônio familiar dele

Foto: Edilson Rodrigues / Agência Senado

A defesa de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), afirmou nesta segunda-feira serem regulares as movimentações de R$ 3,2 milhões apontadas pelo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apresentado à CPMI do 8 de Janeiro.

No documento do Coaf, aparecem cifras que somaram R$ 3.252.616, entre 26 de julho de 2022 a 25 de janeiro de 2023. As transações foram registradas em uma agência do Banco do Brasil em Goiânia.

De acordo com os advogados do tenente-coronel, elas condizem com as reservas financeiras e o patrimônio familiar dele. Em nota, a defesa de Cid alega que as movimentações são referentes a resgates de investimentos; quitação de contas familiares; aquisição de imóvel (recentemente comprado na planta); empréstimo familiar; e transferência de uma conta de Cid no Brasil para outra – de mesma titularidade – nos Estados Unidos. O documento salienta que foram declaradas todas essas transações.

A defesa de Cid informou ainda que requereu na semana passada acesso formal aos relatórios do Coaf. “Assim que tiver acesso às cópias, [a defesa] apresentará uma petição para a Presidência da Comissão demonstrando a absoluta normalidade de todas as transações realizadas”, menciona a nota.

Cid está preso desde 3 de maio. Ele é investigado por participação em um esquema de fraude em cartões de vacinação e em uma tentativa de golpe de Estado. O tenente-coronel também é investigado no caso das joias supostamente dadas pela Arábia Saudita a Jair e Michelle Bolsonaro e no caso dos atos extremistas de 8 de janeiro. À Polícia Federal, ele já prestou seis depoimentos, mas em 30 de junho falou pela primeira vez sobre as invasões dos prédios dos Três Poderes, em Brasília, em uma oitiva de quase quatro horas.

Ao Coaf compete receber, examinar e identificar as ocorrências de atividades ilícitas previstas na lei 9.613/1998, que define as regras a respeito da prevenção aos crimes de lavagem de dinheiro e ocultação de bens.

Leia abaixo a íntegra da nota emitida pela defesa do tenente-coronel Mauro Cid
“NOTA – TEN-CEL. MAURO CID – COAF
É importante contextualizar que a quebra do sigilo financeiro do Tenente Coronel Mauro Cid já foi objeto de apuração por parte da Polícia Federal durante o ano de 2021. Pela absoluta normalidade das transações, a autoridade policial não encontrou quaisquer indícios de ilegalidade e não procedeu com qualquer investigação nesse sentido.

Todas as movimentações financeiras são regulares e encontram amparo nas reservas financeiras e no patrimônio familiar construído ao longo de mais de 25 anos. Patrimônio este que inclui imóveis adquiridos por meio de financiamentos junto à POUPEX e outras instituições de crédito; e outros bens advindos da herança de sua esposa.

No caso em específico, principalmente em razão do que vem circulando na imprensa, cumpre explicar que as movimentações financeiras dizem respeito: a) a resgates de investimentos, devidamente declarados, para a quitação de contas familiares; b) a resgastes de investimentos, devidamente declarados, para a aquisição de um imóvel recentemente adquirido na planta; c) a um empréstimo familiar, devidamente declarado, com os mesmos objetivos anteriores; e d) a transferência de patrimônio, devidamente declarada, de sua conta no Brasil para conta de mesma titularidade nos Estados Unidos.

A Defesa Técnica requereu na semana passada acesso formal aos relatórios do COAF que foram apresentados à CPMI e, assim que tiver acesso às cópias, apresentará uma petição para a Presidência da Comissão demonstrando a absoluta normalidade de todas as transações realizadas.”