A reportagem da Rádio Guaíba entrou em contato com os senadores da República eleitos pelo Rio Grande do Sul para repercutir a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que por 5 votos a 2, tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível, até 2030, por abuso de poder político em reunião com embaixadores estrangeiros meses antes da eleição.
O senador pelo Partido Progressistas (PP), Luis Carlos Heinze, lamentou a decisão e disse que se tratou de um julgamento político, e não técnico. “Lamentamos essa decisão dos ministros do Supremo, que é um julgamento totalmente político, não tem nada de técnico que possa justificar a cassação de mandato. A justificativa é que Bolsonaro seria um candidato quase que imbatível nas eleições de 2026. Então, já tira o Bolsonaro de cena, é a decisão do Tribunal Superior Eleitoral, que é lamentável. Assim já foi o caso do Deltan Dallagnol, tira de cena alguém que combateu a corrupção. Parece que no Brasil hoje ser corrupto tem que ser a bola da vez. Se não for corrupto se torna inelegível, como foi o caso do Deltan. E foi o caso, agora, do presidente Jair Bolsonaro.”
Já o senador pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Paulo Paim, disse que não havia como esperar uma decisão diferente, já que houve ataque aos Três Poderes. “A justiça decide mediante atos e fatos. Como houve um ataque aos Três Poderes, ao nosso processo eleitoral, inclusive chegando à violência contra a democracia de forma contundente, a decisão não se esperava outra, a não ser essa: de suspender os direitos políticos do presidente Bolsonaro.”
A assessoria do senador pelo Republicanos Hamilton Mourão respondeu que a declaração do político, que atuou como vice-presidente da República no mandato de Bolsonaro, é a mesma publicada em redes sociais, mais cedo. “Assim, a justiça eleitoral do Brasil se notabiliza por cassar a vontade popular, como fez com Deltan Dalagnol agora faz com Jair Bolsonaro. “Oh, Tempora, Oh Mores”…”, escreveu Mourão, que não quis gravar uma declaração.
A ação apura a conduta de Bolsonaro durante a reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada, em julho do ano passado. Na ocasião, o ex-presidente levantou suspeitas sobre as urnas eletrônicas, sem apresentar provas, e atacou o sistema eleitoral brasileiro. Os ministros também votaram pela absolvição de Walter Braga Netto, candidato a vice-presidente na chapa, por “não ter sido demonstrada sua responsabilidade” na acusação.
Votaram para condenar o ex-presidente os ministros Benedito Gonçalves, Floriano Marques, André Tavares, Cármen Lúcia e Alexandre de Moraes. Já os ministros Raul Araújo e Nunes Marques divergiram da maioria.