A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível por oito anos repercutiu entre parlamentares e políticos nesta sexta-feira. A ação julga a conduta do ex-chefe do Executivo em uma reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada, em julho do ano passado. Na ocasião, Bolsonaro questionou a segurança das urnas eletrônicas e atacou o sistema eleitoral brasileiro.
Parlamentares do governo e da oposição usaram as redes sociais para reagir ao julgamento. O deputado Rui Falcão (PT-SP), que é presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, comemorou a decisão da Corte. “Grande dia para o Brasil. Tchau, querido”, comentou.
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse que o “Brasil comemora” a inelegibilidade do ex-presidente. “A justiça está cumprindo o seu papel da garantia constitucional. Ninguém está acima da lei”, disse.
Já o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), aliado da família Bolsonaro no Congresso, lamentou o resultado do julgamento. “Vence o sistema”, postou. O presidente da CPMI do 8 de Janeiro, deputado Arthur Maia (União-BA), também comentou o caso. “A esquerda festejando inelegibilidade de Bolsonaro. É faz de conta ou cegueira política?”
O resultado do julgamento também repercutiu no Planalto. Um dos primeiros a comentar o resultado, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, classificou a decisão como “mais que acertada”.
“Bolsonaro inelegível não é sobre as eleições de 2026, algo ainda muito distante das nossas preocupações. Mas sim sobre o papel do ex-presidente nos ataques à democracia ao não aceitar o resultado das urnas”, completou.
Veja as demais repercussões:
Não tem como acreditar no que está acontecendo: a primeira vez na história da humanidade que um ex-presidente perde os direitos políticos por falar.
Vamos trabalhar dobrado e mostrar nossa lealdade ao Presidente Bolsonaro. Podem acreditar que a injustiça de hoje será capaz de…— Valdemar Costa Neto (@CostaNetoPL) June 30, 2023
Fez-se justiça ! Quando nós do PDT pedimos providências ao TSE , queríamos proteger a democracia e punir o abuso de poder político praticado por Bolsonaro. Bolsonaro inelegível por império da lei .
— Ciro Gomes (@cirogomes) June 30, 2023
Do julgamento do TSE emanam importantes mensagens:
1. Mentir não é ferramenta legítima para o exercício de uma função pública;
2. Política não é regida pela “lei da selva”, em que o mais forte tudo pode.
A democracia venceu o mais duro teste de estresse das últimas décadas— Flávio Dino 🇧🇷 (@FlavioDino) June 30, 2023
Decisão do TSE que torna Bolsonaro inelegível tem uma enorme força didática. O tribunal condenou os métodos da extrema-direita, como a disseminação industrial de mentiras, as ameaças à democracia, o uso da máquina pública pra perseguir adversários e prevalecer na disputa…
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) June 30, 2023
Relembre o caso
Em julho do ano passado, Bolsonaro convidou diplomatas estrangeiros para uma reunião no Palácio da Alvorada, onde questionou a segurança das urnas eletrônicas, usadas no país desde 1997. Durante a conversa, ele disse que as urnas completaram automaticamente o voto no PT nas eleições de 2018, que nos aparelhos não há sistemas que permitam auditoria, que não é possível acompanhar a contagem dos votos e que a apuração é realizada por uma empresa terceirizada. Ele também atacou ministros do TSE e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Partidos de oposição acionaram o Supremo e acusaram o presidente de ter cometido crime contra o Estado democrático de Direito, delito eleitoral, crime de responsabilidade e improbidade administrativa.