Um júri popular condenou, nesta terça-feira, a 15 anos, três meses e 20 dias de prisão, o réu Ronaldo Lima da Silva, de 32, denunciado pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) por matar um morador em situação de rua a chutes, pisões e socos, “para se exibir”, em Vacaria, nos Campos de Cima da Serra. Silva respondeu a processo por homicídio triplamente qualificado. O crime ocorreu em fevereiro do ano passado.
Em entrevista à Rádio Guaíba, o promotor de Justiça Damasio Sobiesiak, que atuou em plenário, disse que os sete jurados reconheceram a culpa do acusado e também as três qualificadoras apresentadas pelo MP. “O júri entendeu por condená-lo pela prática de homicídio doloso consumado triplamente qualificado por motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. Esse é um processo que ficou conhecido na Comarca de Vacaria como sendo o processo do mendigo, porque a vítima era uma pessoa que vivia em situação de rua e foi brutalmente assassinada. Para o Ministério Público, é uma condenação acertada, justa, e esperamos que sirva de um indicador de que a comunidade de Vacaria não tolera comportamentos dessa natureza com ninguém, sobretudo, com pessoas vulneráveis em situação de rua”, declarou.
O acusado desferiu em torno de 52 golpes contra André Roberto Girardi de Lima. “Todos eles em regiões muito vitais, como no peito, face e cabeça. Nos primeiros golpes, a vítima caiu e continuou sendo chutada no rosto, na cabeça, nas costelas, tanto que resultou em costelas quebradas, traumatismo craniano, embolia pulmonar e contusão pulmonar”, reforçou o promotor.
A vítima, de 48 anos, chegou a ser transferida a um hospital em Caxias do Sul, mas por conta dos ferimentos graves, morreu 17 dias depois.
Ainda conforme o representante do MP, o fato tomou dimensão de interesse público diante do inusitado: cometer um homicídio apenas para “mostrar como se mata uma pessoa”.
Crime
Por volta das 5h20min de 20 de fevereiro de 2022, na rua Marechal Floriano, centro de Vacaria, o acusado agrediu a vítima com violência extrema. De acordo com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), o morador em situação de rua sofreu fratura de crânio e hemorragia.
De acordo com testemunhas, André Roberto Girardi de Lima sofreu agressão gratuita ao pedir um cigarro sob efeito de álcool. As agressões continuaram, mesmo com a intervenção de outras pessoas e com a vítima já caída, sem reação. O homem morreu, internado, em 7 de março.