O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acompanha diariamente a movimentação para a sabatina do advogado Cristiano Zanin na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado, prevista para quarta-feira. Ele vai se reunir nesta segunda-feira com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da CCJ, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), no Palácio da Alvorada, para tratar do assunto.
Pelos cálculos do Palácio do Planalto, Zanin já conta com mais do que os 41 votos necessários para ser aprovado pelo plenário da Casa e ocupar a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Lula marcou a conversa com Pacheco e Alcolumbre após se encontrar com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), nesta sexta. O presidente tenta construir um novo modelo de relacionamento com o Congresso após o “centrão” na Câmara pressioná-lo a liberar cargos e recursos de emendas parlamentares.
Alcolumbre prometeu a Lula ajudar Zanin a conquistar votos de senadores. Pelas projeções apresentadas a Lula, Zanin deve ter de 50 a 55 votos de um total de 81.
Negociação envolve Pacheco no Supremo
Após essa etapa, Alcolumbre vai trabalhar para que Lula indique Pacheco à segunda vaga do Supremo, em outubro, quando se aposenta a presidente da Corte, Rosa Weber. Com isso, Alcolumbre pode concorrer a um mandato-tampão ao comando do Senado e, ainda, tentar se reeleger duas vezes.
Lula vai estar no Vaticano no dia da sabatina de Zanin e deve se encontrar com o papa Francisco. Depois, segue para Paris, onde participa de um fórum sobre economia verde com o presidente da França, Emmanuel Macron.
Pressão política
A pauta da conversa de Lula com Pacheco e Alcolumbre não se resume a Zanin. Eles falarão também sobre a votação do marco fiscal no Senado e a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, nos dias 20 e 21, que vai definir o futuro da taxa básica de juros, a Selic.
Lula deve cobrar de Pacheco uma posição ativa do Senado na campanha para pressionar o presidente da entidade, Roberto Campos Neto, a derrubar a taxa, hoje em 13,75% ao ano.
“O Senado precisa ter uma reação. Todos os dados da economia são positivos e só tem um danado que não está percebendo”, disse o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), para quem Campos Neto adota “posição ideológica”.
Integrantes do governo, líderes de partidos aliados e a cúpula do PT defendem a saída do presidente do Banco Central. A instituição, porém, conta com autonomia administrativa e o mandato de Campos Neto vai até dezembro de 2024. Uma eventual dispensa do presidente do BC precisa ser aprovada por maioria absoluta do Senado.