A relatora da CPMI do 8 de Janeiro, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), evitou dizer se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vai ser convocado a depor no colegiado. Nos bastidores, a base do governo Lula articula um plano para convocar o ex-chefe do Executivo, mas isso só deve ocorrer se for possível a construção de um raciocínio que ligue diretamente Bolsonaro aos atos de vandalismo.
“Se o ex-presidente Jair Bolsonaro será convocado ou não é um debate que poderá ocorrer ao longo do processo, acho que antecipar agora quem será convocado é temerário. Estamos em uma primeira fase do processo e nessa fase da investigação a gente precisa demarcar o ponto fundamental que é a busca dos autores intelectuais e financiadores. As provas que vão chegar nos darão um parâmetro da necessidade da convocação, ou não, então, eu não posso antecipar a convocação dele”, afirmou Eliziane.
A expectativa é de que cerca de 200 requerimentos sejam protocolados pela base do governo. Os primeiros depoimentos devem ser de nomes ligados ao ex-presidente, com o de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro que está preso em um quartel do Exército, e Ailton Barros, preso pela Polícia Federal durante a operação que investiga supostas fraudes nos certificados de vacinação contra a Covid-19.
Além deles, a base do governo também pretende convocar o ex-secretário de Segurança do DF e ex-ministro de Bolsonaro, Anderson Torres, que ficou meses preso em razão das investigações sobre os ataques de 8 de janeiro.
Oposição questiona relatoria da CPMI
Mesmo com acordo da maioria dos membros, a oposição antecipa que vai questionar na Justiça a escolha de Eliziane Gama para a relatoria do colegiado. Segundo o senador Marcos do Val (Podemos-ES), o resultado do relatório pode ser prejudicado pelo fato de a senadora ser supostamente aliada do ministro da Justiça, Flávio Dino.
“Vou pedir o afastamento ou a troca da relatora pela questão da parcialidade. Quando o ministro Flávio Dino esteve no Senado, quem sentou ao lado dele foi a Eliziane Gama”, afirmou Marcos do Val. Desde o início do movimento pela criação da CPMI, o senador pleiteia a vaga de relator dos atos extremistas nas sedes dos Três Poderes.
Em resposta, Eliziane disse que “não vai ser intimidada” pela oposição. “Ser aliada de Flávio Dino ou adversária de quem quer que seja não inviabiliza minha atuação aqui”, afirmou.