Uma representação encaminhada nessa quarta-feira à Comissão de Ética da Câmara de Porto Alegre, de autoria do deputado estadual Leonel Radde (PT), acusa a vereadora Comandante Nádia (PP) de improbidade administrativa. Conforme o deputado, ela mantém em gabinete uma assessora vinculada ao quadro de funcionários do senador do mesmo partido, Luis Carlos Heinze, desde janeiro deste ano.
De acordo com o documento protocolado, a assessora Cristina Menin Schneider permaneceu por cerca de três meses contratada no gabinete de Nádia, de novembro de 2022 a janeiro de 2023, até ser nomeada no cargo de ajudante parlamentar pleno no escritório de Heinze, no Centro de Porto Alegre. No entanto, a servidora é vista constantemente transitando na Câmara Municipal, usando o crachá de acesso ao plenário e, inclusive, assinando documentos em nome da vereadora.
Radde sustenta que, além da Comissão de Ética, denunciou o caso ao Ministério Público e comunicou o Senado, definindo a situação como “um claro fato de desvio de função, de improbidade administrativa”.
Segundo a vereadora, Cristina não trabalha com dedicação exclusiva ao senador Heinze e presta voluntariamente serviços no gabinete dela às segundas e quartas-feiras, dias de sessões. Nádia alega que Cristina “é uma advogada com vasto conhecimento das questões do Legislativo”.
Sobre o crachá utilizado pela assessora, Nádia garante que “é um crachá genérico” com o nome dos vereadores, que existem em todos os gabinetes, e ressalta que a funcionária utiliza a senha dela apenas quando isso lhe é oportunizado. A vereadora disse que está “sofrendo uma perseguição” e caracteriza o caso como “violência política de gênero”.
O gabinete de Heinze destacou que a ajudante parlamentar trabalha de forma híbrida em expediente de seis horas e informou não saber da rotina dela após o horário de serviço. A permanência de Cristina no cargo segue garantida, conforme a assessoria do senador, com a alegação de que ela é uma “excelente profissional”.
Sobre o processo que vai tramitar na Câmara, o vereador Aldacir Oliboni (PT), vice-presidente da Comissão de Ética, que apresentou a denúncia na última sessão plenária, disse que o processo pode levar até 25 sessões para ser concluído. Antes, o caso deve passar pelo presidente da Comissão, Márcio Bins Ely (PDT), pela corregedora do Conselho de Ética, Lourdes Sprenger (MDB) e pelos acusados e representantes jurídicos, que terão direito a ampla defesa.
Conforme os dados disponíveis no portal de transparência do Senado, o salário bruto de Cristina no mês de abril chegou a R$ 4.037,17, com auxílios de R$ 1.331,58. No último mês de trabalho na Câmara Municipal, de acordo com dados da transparência da Casa, o salário líquido recebido, após as deduções obrigatórias, ficou em R$ 2.646,10.