Defesa de Anderson Torres descarta delação e garante que ex-ministro vai abrir dados de celular

Solto na noite desta quinta-feira, ele passou a cumprir prisão domiciliar

Foto: Jose Cruz/Agência Brasil

A defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres disse, nesta sexta-feira, que ele não vai fazer delação premiada sobre os atos golpistas do dia 8 de janeiro. Torres deixou a prisão, na noite desta quinta-feira, após passar mais de 100 dias detido preventivamente. O advogado Eumar Novacki recebeu jornalistas em Brasília e afirmou que não há o ex-ministro possa confessar. “Essa possibilidade está descartada”, garantiu.

A defesa repete que adotou uma postura colaborativa e de deferência ao Judiciário. Um problema com as senhas do celular do ex-ministro, no entanto, causou mal-estar com os investigadores. Ao se entregar para ser preso, Anderson Torres alegou que esqueceu o aparelho nos Estados Unidos, para onde viajou de férias com a família. Ele compartilhou com a Polícia Federal (PF) as senhas para acesso dos dados armazenados na nuvem. Essas senhas não funcionaram, o que segundo a PF impediu a extração de informações.

Novacki sustenta que houve uma “falha técnica” e que o ex-ministro está disposto a receber um perito para “abrir todas as informações”. “(A falha) foi conjuntural”, disse.

Em manifestação enviada ao STF, a defesa já havia informado que as senhas podem ter sido “fornecidas equivocadamente”, dado o “comprometimento cognitivo” de Anderson Torres após a prisão.

Na última avaliação médica, no dia 1º de maio, quando Torres ainda seguia preso, a psiquiatra da Secretaria de Saúde do Distrito Federal prescreveu antidepressivo, ansiolítico e antipsicóticos ao ex-ministro. O advogado disse que ele vai continuar recebendo acompanhamento psicológico e psiquiátrico.

“É óbvio que ontem a chegada na casa dele foi uma chegada muito emocionante, com as filhas que ele não via desde o momento da prisão. Eu acredito que isso vai ajudar na recuperação”, afirmou. Em acenos ao STF, o advogado evitou contestar as decisões do Tribunal, que negou sucessivos pedidos para revogar a prisão preventiva de Torres.

Novacki disse que o Supremo agiu com a “energia” necessária diante da gravidade dos protestos golpistas, mas “acertou” ao liberar Anderson Torres para aguardar a conclusão do inquérito em liberdade. Ele também elogiou a “sensibilidade” do ministro Alexandre de Moraes. “Na sua casa ele (Torres) terá condições de recuperar o seu equilíbrio psíquico, ajudar a defesa e mantendo esse espírito cooperativo”, defendeu. “O maior interesse no esclarecimento rápido é o ex-ministro”, finalizou.

*Com informações da Agência Estado (AE)