Mensagens interceptadas durante a investigação da Operação Verine indicaram interlocução do major Ailton Barros em “tratativas para golpe” não só com o ex-ajudante de ordens da Presidência Mauro Cid, mas também com o ex-assessor especial da Casa Civil Elcio Franco. Em áudio, o coronel, que era o número 2 do Ministério da Saúde na gestão de Eduardo Pazuello no auge da pandemia, disse que o então comandante do Exército Freire Gomes “teria medo das consequências” de uma eventual tentativa de golpe.
Em áudio, que teve a transcrição divulgada com exclusividade pela jornalista Daniela Lima, da CNN Brasil, nesta segunda-feira, o coronel afirmou: “Olha, eu entendo o seguinte: é Virgílio. Essa enrolação vai continuar acontecendo. O Freire não vai. Você não vai esperar dele que ele tome a frente nesse assunto, mas ele não pode impedir de receber a ordem. Ele vai dizer, morrer de pé junto, porque ele está mostrando. E está com medo das consequências, pô. Medo das consequências é o que? Ele ter insuflado? Qual foi a sua assessoria? Ele está indo para a pior hipótese. Qual é a pior hipótese? Ah deu tudo errado, o presidente foi preso e ele foi chamado a responder”.
O coronel segue, ensaiando uma eventual autodefesa para o comandante do Exército: “Eu falei ó, eu, durante o tempo todo diz que [trecho initeligível] contra o presidente. Falei que não. Falei ó, durante o tempo todo [ininteligível] contra o presidente. Falei que não, que não deveria fazer. E pronto. Vai para o Tribunal de Nuremberg desse jeito. Depois que ele me deu a ordem por escrito, eu comandante da força tive que cumprir. Essa é a defesa dele, entendeu? Então sinceramente é dessa forma que tem que ser visto”.
O interlocutor de Elcio é o major Ailton Gonçalves Moraes Barros, que é considerado peça-chave no “êxito” de fraude na carteira de vacinação da mulher do tenente-coronel Mauro Cid. Além disso, o militar, expulso do Exército em 2006, está na mira da PF por trocar mensagens com “tratativas de um golpe de Estado”.
*Com informações da Agência Estado (AE)