A Justiça confirmou, nesta quarta-feira, a condenação do vereador Emerson Fernando Lourenço (PDT), presidente da Câmara Municipal de Novo Hamburgo, e do ex-subsecretário de Obras da cidade, Pedro André Arenhardt, pelos crimes de organização criminosa e aquisição de imóveis para a lavagem de dinheiro. Na sentença, proferida pela 2ª Vara Estadual de Processo e Julgamento dos Crimes de Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro, outras quatro pessoas também foram condenadas: Tatiane Engeroff, Edimar de Souza, Luiza Mendes e Roseli Souza.
A pena do vereador, conhecido como Fernandinho, é de 16 anos de reclusão e 400 dias-multa, no equivalente a um salário mínimo cada. Já o ex-subsecretário deve cumprir 9 anos e 4 meses de reclusão, além de pagar 250 dias-multa. Ambos foram acusados de manter vínculos com uma facção que atua no Vale do Sinos.
O magistrado decretou ainda a interdição para o exercício de cargo ou função pública por 8 anos, tanto para o vereador quanto para o ex-subsecretário. Eles podem recorrer da decisão e respondem ao processo em liberdade.
Segundo a denúncia, entre janeiro de 2012 e dezembro de 2018, nas cidades de São Leopoldo, Novo Hamburgo e Tramandaí, os réus integraram uma organização criminosa para lavar capitais, obtidos via tráfico de drogas e exploração de jogos de azar. A acusação narrou ainda que, a partir de abril de 2015, os réus passaram a comprar imóveis com dinheiro dos crimes.
Vínculos de vereador com facção
Em 2017, Fernandinho chegou a ser detido por posse ilegal de arma de fogo e por receptação. Investigado por envolvimento em quatro homicídios, no mesmo período, o vereador, segundo a Polícia Civil, recebeu dinheiro de campanha do tráfico de drogas, por intermédio do então subsecretário de Obras, Pedro André Arenhardt.
De acordo com a corporação, Juliano Biron da Silva, um dos líderes da facção do Vale do Sinos, movimentou, entre 2012 e 2018, cerca de R$ 15 milhões junto à dupla. Cumprindo pena na Penitenciária de Alta Segurança (Pasc) de Charqueadas, o traficante cumpre pena de 20 anos e oito meses pela morte do fotógrafo José Gustavo Bertuol Gargioni, de 22 anos, em Canoas.
Conforme a investigação, um dos indícios de ligação de Fernandinho com a fação era o dono de uma empresa de transportes, cuja sede servia como ponto de recolhimento de dinheiro do bando. A polícia também localizou, em 2017, um cheque emitido por um traficante na casa do vereador.
Além de vereador em segundo mandato, Fernandinho já atuou como empresário de jogadores do Inter e do Grêmio.
A reportagem tenta contato com a defesa do parlamentar. O espaço está aberto para manifestações.