O número de mortes causadas pelas fortes chuvas que atingiram o litoral norte de São Paulo no último fim de semana subiu para 54, de acordo com o último boletim do governo do estado às 8h desta sexta-feira (24). No boletim de quinta (23) à noite informava 50 mortos, mas mais quatro pessoas foram encontradas nessa madrugada, informou à Record TV o porta-voz do Corpo de Bombeiros, capitão Elias.
São 53 óbitos no município de São Sebastião e um em Ubatuba. O número deve aumentar ainda mais já que há, ao menos, 30 pessoas desaparecidas e as equipes de resgate ainda trabalham em meio aos escombros deixados por deslizamentos de terra, quedas de árvores e outros acidentes.
Segundo o governo do estado, apenas 38 corpos já foram identificados pelo IML (Instituto Médico Legal) e liberados para sepultamento. Desses, são 13 homens, 12 mulheres e 13 crianças.
O delegado Maurício Freire, diretor do IIRGD (Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt), contou ao R7 os desafios enfrentados pela equipe de médicos legistas e papiloscopistas. Segundo ele, a falta de carteira de identidade das crianças, o número alto de vítimas – moradores e turistas – que não são paulistas e o estado de decomposição dos corpos são os maiores empecilhos no trabalho dos funcionários do IML.
Atualmente, a região afetada pelas chuvas tem 2.251 desalojados e 1.815 desabrigados em todo o Estado. Segundo a prefeitura de São Sebastião, as vítimas estão abrigadas em escolas, creches e igrejas da cidade.
Atendimento médico
Vinte adultos e seis crianças, vítimas das chuvas, foram atendidos até o momento no Hospital Regional do Litoral Norte. Do total, 16 permanecem internados com estado de saúde estável, e um, em estado grave. Outros cinco pacientes já receberam alta hospitalar, e quatro foram transferidos para outras unidades.
Desde domingo (19), as unidades de saúde no litoral norte estão em alerta para receber os feridos do desastre que atingiu a região. Outras unidades de saúde da Baixada Santista, do Alto Tietê e da capital também estão aptas a recebê-los.
A Marinha do Brasil enviou o maior navio de sua frota, o Atlântico, para auxiliar no atendimento e socorro às vítimas das chuvas no litoral norte de São Paulo. A embarcação — que conta com 300 leitos — atracou no porto de São Sebastião na tarde desta quinta-feira (23).
De acordo com a Marinha, com a chegada do navio será possível criar uma estrutura que reforçará o atendimento médico aos desabrigados e desafogar os hospitais da área, que estão priorizando os casos mais graves.
Chuva histórica
As chuvas que deixaram rastros de destruição nos municípios do litoral norte de São Paulo foram também o maior acumulado de que se tem registro no país, com 682 milímetros, segundo informações do governo estadual.
Em 2022, Petrópolis (Rio de Janeiro) teve o acumulado de 530 milímetros de chuva em 24 horas. Antes, o maior índice havia sido registrado em Florianópolis (SC), em 1991, com acumulado de 400 mm em apenas um dia.
São Sebastião foi um dos municípios mais afetados neste feriado prolongado de Carnaval, com deslizamentos de encostas, alagamentos e bairros isolados devido à interdição de vias de acesso. O número de mortos já supera o da tragédia de Franco da Rocha, em 2022, com o deslizamento que matou 18 pessoas. O acumulado de chuva naquela ocasião foi de 70 milímetros em 24 horas.