A Polícia Federal (PF) concluiu que Rubens Villar Coelho, conhecido como “Colômbia”, ordenou as mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, assassinados no Vale do Javari (AM), no início de junho do ano passado.
Em outubro, Pereira havia sido posto em liberdade provisória após pagar fiança de R$ 15 mil. Em dezembro, no entanto, ele voltou as ser preso pela PF por ter violado as condições impostas para a liberdade provisória.
As informações foram repassadas, nesta segunda-feira, pelo superintendente da Polícia Federal no estado, Alexandre Fontes.
Segundo a PF, ao longo da investigação foram identificados vários indícios da participação de “Colômbia” como mandante do crime. Fontes disse que o conjunto probatório, formado por diversos laudos periciais, reforçou essa tese. “Temos provas que ele fornecia as munições para o Jefferson e o Amarildo, as mesmas encontradas no caso. Ele pagou o advogado inicial de defesa do Amarildo”, disse o superintendente.
Fontes disse ainda que um relatório chegou à Justiça com mais seis indiciamentos pelos crimes de duplo homicídio qualificado e ocultação dos cadáveres. Antes, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou Amarildo da Costa Oliveira, o “Pelado”; Oseney da Costa de Oliveira e Jefferson da Silva Lima por duplo homicídio qualificado por motivo fútil e ocultação de corpos.
“Tínhamos anteriormente três nomes. Identificamos o irmão do Amarildo, ele forneceu a arma de fogo para o Amarildo. Ele vai responder como partícipe do homicídio”, disse Fontes.
Entenda
Registros apontaram para desentendimentos anteriores entre o ex-servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai) Bruno Pereira e “Pelado”, suspeito de envolvimento com a pesca ilegal na região. Segundo as investigações, Bruno e Dom foram emboscados e mortos depois que Bruno pediu a Dom para fotografar o barco dos acusados, de forma a atestar a prática de pesca ilegal.
Bruno morreu baleado com três disparos – um deles pelas costas. Já Dom acabou assassinado somente por estar junto com Bruno no momento do crime. Na última sexta-feira, as audiências de instrução e julgamento dos três acusados pelos assassinatos foram suspensas pelo juiz da Vara de Federal de Tabatinga, Fabiano Verli.
Os depoimentos haviam sido previstos para ocorrer a partir desta segunda-feira e terminar na quarta-feira. Na decisão, Verli apontou a falta de salas disponíveis para receber os réus para os depoimentos e disse que houve “lamentável falta de comunicação entre nós, da Justiça Pública”.