Atos antidemocráticos: PF prende bombeiro e ativista no RJ

Mandados foram cumpridos em Campos dos Goytacazes

Foto: PF / CP Memória

A Operação Ulysses, deflagrada pela Polícia Federal (PF) em Campos dos Goytacazes (RJ), resultou nas prisões de dois suspeitos de envolvimento em atos antidemocráticos, nesta segunda-feira. Um deles é o subtenente do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro Roberto Henrique de Souza Júnior. O outro é o ativista Carlos Victor Carvalho, responsável por administrar perfis nas redes sociais que dão apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Desde o fim do ano passado, grupos que não aceitaram a vitória eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizaram bloqueios de rodovias e organizaram acampamentos em frente a edifícios do Exército em diversos estados do país para reivindicar uma intervenção militar. O inconformismo com a não reeleição de Bolsonaro também resultou em um violento ataque em Brasília no dia 8 de janeiro, quando houve invasão e depredação de instalações do Palácio do Planalto e das sedes do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF).

Como as investigações ocorrem em sigilo, a PF não especificou qual a participação de cada um dos dois presos nos atos sob investigação. Roberto Henrique de Souza Júnior é bombeiro há 33 anos e atua em Guarus, subdistrito de Campos dos Goytacazes. Em 2018, candidatou-se a deputado federal com o nome de Júnior Bombeiro, mas não conseguiu se eleger.

Ele vai ser encaminhado ao Grupamento Especial Prisional (GEP) do Corpo de Bombeiros, na zona norte da capital fluminense, onde fica à disposição da Justiça. Em nota, a corporação informou que “acompanha de perto a operação da Polícia Federal e segue a dispor das autoridades para colaborar nas investigações”.

Já Carlos Victor Carvalho se apresenta nas redes sociais como fundador da Associação Direita Campos. O perfil pessoal dele no Facebook conta com mais de 50 mil seguidores. Entre as postagens, há manifestações de apoio a Jair Bolsonaro, críticas ao presidente Lula e algumas mensagens com informações falsas. Em 2020, ele se candidatou a vereador em Campos dos Goytacazes, mas também não obteve sucesso.

Mais cedo, a PF informou que a operação havia sido deflagrada para cumprir mandados de busca e apreensão e de prisão temporária de lideranças que bloquearam rodovias na região e que participaram de ocupações em frente a quartéis do Exército. Foram apreendidos celulares, computadores e documentos diversos. O nome dado a operação é uma homenagem a Ulysses Guimarães, deputado que presidiu a Assembleia Nacional responsável por aprovar a Constituição de 1988 e inaugurar uma nova ordem democrática após 21 anos de ditadura militar.

De acordo com a PF, os delitos investigados incluem associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e incitação das Forças Armadas contra os poderes institucionais do país. A Agência Brasil não conseguiu localizar a defesa dos dois presos.