Não é raro aparecerem notícias sobre casebres consumidas pelo fogo nas periferias da capital. Ao menor descuido, todos os bens adquiridos com dificuldade durante a vida são perdidos em segundos, sem contar os riscos de mortes de quem não consegue escapar das chamas a tempo. Recentemente, duas crianças morreram após um incêndio na Ocupação Povo Sem Medo, na zona Norte. O barraco ficou destruído. Um evento, promovido nesta sexta-feira, pela prefeitura de Porto Alegre, Corpo de Bombeiros (CBRS) e Grupo CEEE Equatorial, capacitou servidores para realizarem possíveis atendimentos em situações de emergência em áreas de maior vulnerabilidade social.
A ação também serviu como uma frente de sensibilização junto às subprefeituras nos bairros para conscientizar as comunidades sobre a importância da prevenção. Segundo levantamento do Corpo de Bombeiros, aumentou em 95% o número de ocorrências em residências da capital em comparação ao ano passado (43 contra 22 em 2022), o que motivou a força-tarefa do município.
O diretor-geral do Departamento Municipal de Habitação (Demhab), André Machado, que lidera a ação, salientou que a primeira atitude em caso de ocorrência com fogo é ligar para o telefone 193 e ressaltou que também é dever da prefeitura garantir a segurança da vida das pessoas. “Não podemos deixar que mais incidentes fatais aconteçam por falta de informação. Temos 17 subprefeituras nas regiões da cidade, que alertarão sobre os riscos de sobrecarga na rede elétrica. Nosso pedido é que as pessoas evitem cozinhar de maneira informal,” ressaltou o diretor.
De acordo com a major Jaqueline da Silva Ferreira, do 1° Batalhão de Bombeiro Militar, o trabalho em conjunto com a prefeitura é positivo. “A integração é a única arma que dá resultado em um trabalho tão importante. Nas ocorrências a gente vê de tudo dentro das casas. Muitas famílias fazem fogueiras, o que acaba sendo uma situação muito triste,” ressaltou.
A prefeitura de Porto Alegre atua em frente ampla na assistência após as ocorrências, com a Defesa Civil e a Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc). De acordo com o Coordenador da Defesa Civil de Porto Alegre, coronel Evaldo Rodrigues, a ideia é, em conjunto com as subprefeituras, intensificar as ações de prevenção nas comunidades. Já para a chefe de gabinete da Fasc, Ana Rangel, a proteção nos territórios se dá através dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), atuantes de forma direta no suporte e encaminhamento das pessoas nessas ações. “A Fasc trabalha com políticas de amparo social, por meio de orientação a população em casos de ocorrências inesperadas como incêndios, de forma intersetorial e célere”, destacou.
Outras dicas foram apresentadas pelo Grupo CEEE Equatorial, como evitar o uso de benjamins, ou mais conhecidos como “T”, para conectar muitos equipamentos a energia. Se possível usar apenas um aparelho por tomada, para evitar o super aquecimento, além de não utilizar o celular enquanto estiver carregando, não abafar o aparelho enquanto estiver carregando e não deixá-lo em locais úmidos. Também foram abordados os incêndios em vegetação, que tiveram um aumento de 139% no número de ocorrências entre 17 de dezembro de 2022 e o dia 13, em relação ao mesmo período do verão passado.
Em Porto Alegre, as causas mais comuns incluem vandalismo, descuido com crianças, velas em rituais religiosos, fogueiras, queima de lixo, além de causas acidentais, como fagulhas de máquinas ou rompimento de cabos de eletricidade. “As consequências desses eventos são graves para a fauna e flora da cidade. Por isso, reforçamos a necessidade de redobrar os cuidados com nossos 11 parques, 692 praças urbanizadas e quatro unidades de conservação”, disse o secretário em exercício de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus), Maurício Loss.