Manifestantes esvaziaram completamente, na manhã desta segunda-feira, os protestos realizados desde o início de novembro de 2022 em Porto Alegre e região Metropolitana, um dia depois da invasão do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília. Pontos até então tradicionais de mobilização, como o entorno do Comando Militar do Sul (CMS), entre as avenidas Sete de Setembro e Padre Tomé, no Centro Histórico da Capital, estavam apenas com a presença de integrantes do 9º Batalhão de Polícia Militar (9º BPM), responsável pela área.
Todas as retiradas foram pacíficas, ainda que, em ao menos um ponto, junto à sede do 16º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado (16º GAC AP), no bairro Cristo Rei, em São Leopoldo, no Vale do Sinos, uma manifestante vestindo uma camiseta verde com os dizeres “Deus, Pátria, Família e Liberdade”, chorou em frente ao local e pedia apoio do Exército contra a ação. Ali, ao menos oito viaturas da Brigada Militar (BM) estiveram no local e removeram por si próprios os gazebos e materiais, como mesas e alimentos, postos na calçada do quartel pelos manifestantes.
Duas outras viaturas da Guarda Civil Municipal (GCM) apoiaram a retirada, bem como a Força Tática do 25º BPM. Uma moradora próxima afirmou que considerava “um alívio” a saída das manifestações. “Eu tinha dez cachorros em casa e eles se assustavam com os foguetes que o pessoal disparava quase todos os dias. Pelo menos um deles fugiu e não voltou mais. Era muita gritaria”, relatou ela, que não quis se identificar.
Itens como bandeiras e faixas pedindo intervenção militar e “socorro às Forças Armadas” foram removidos do entorno pelos agentes, que, por volta das 10h, chegaram a informar prazo para os manifestantes procederem com a remoção total. Em frente a Refinaria Alberto Pasqualini, em Canoas, a retirada aconteceu ainda no início da manhã. Foram removidos todos os gazebos instalados ainda na tarde de domingo no canteiro central da av. Getúlio Vargas, via lateral à BR-116 que dá acesso ao complexo. Integrantes do 15º BPM disseram que cumpriram ordem do Comando-Geral da BM.
Ao menos um veículo seguia no local por volta das 9h, recolhendo os últimos pertences. A polícia informou que alguns dos itens não coletados pelos participantes que haviam ido embora mais cedo, inclusive barracas, foram recolhidos pela BM e encaminhados à sede do Batalhão, onde poderiam ser devolvidos, mediante preenchimento de documento. A retirada seguiu decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou, na noite de domingo, a desmobilização de todas as manifestações junto aos quartéis e unidades militares no país.