A Polícia Federal (PF) informou na tarde deste domingo que continua na casa do ex-deputado federal Roberto Jefferson para “cumprir a determinação judicial” de prisão que foi ordenada nesse sábado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
De acordo com a nota da PF, foi necessário reforçar a equipe após a reação do ex-parlamentar, que, em vídeo, afirmou ter trocado tiros com os agentes que chegaram a sua residência, no município de Comendador Levy Gasparian, no interior do Rio de Janeiro.
“Durante a diligência, o alvo do mandado reagiu à ordem de prisão anunciada pelos policiais federais. Na ação, dois policiais foram feridos por estilhaços de granada arremessada pelo alvo e levados imediatamente ao pronto socorro. Após o atendimento médico, ambos foram liberados e passam bem”, informou a PF.
Em uma gravação (veja no vídeo abaixo), Roberto Jefferson filma o circuito de câmeras do imóvel que mostra um carro da Polícia Federal e afirma que revidou os tiros dos agentes. Segundo informações preliminares, um policial foi baleado, mas foi levado ao hospital e está bem.
“Estou dentro de casa, mas eles estão me cercando. Vai piorar, vai piorar muito, mas eu não me entrego. Chega de abrir mão da minha liberdade em favor da tirania. Não faço mais isso. Chega”, afirma o ex-parlamentar.
Em outro vídeo (veja a gravação abaixo), Jefferson pede perdão e critica as decisões judiciais do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral. “Quero dizer aos meus irmãos, peço perdão, mas a polícia cumpre todas as ordens judiciais de Alexandre de Moraes. Não dá mais. Reagi, não vou me entregar, só saio daqui morto. Chega, cansei de ser humilhado”, afirma.
O advogado do PTB, Luiz Gustavo, confirmou ao R7 que a PF foi à casa de Roberto Jefferson, que está em prisão domiciliar, para o cumprir medidas cautelares relacionadas ao vídeo em que o ex-deputado federal ofende a ministra do STF Cármen Lúcia e compara a magistrada a uma prostituta.
“Fui rever o voto da bruxa de Blair, a Cármen Lúcifer, na censura prévia à Jovem Pan. Olhei de novo, não dá pra acreditar. Lembra mesmo aquelas prostitutas”, disse Jefferson, na gravação.
Mesmo em meio à prisão, Roberto Jefferson se manifestou por meio de nota, divulgada pelos advogados. No texto, ele argumenta que a prisão é ilegal pois o mandato não caberia ao STF. “Dessa forma, desvirtuadamente, os pretensos superministros, desejam que seus atos como servidores públicos não sejam criticados, ainda que promovam injustiças, gerando todo tipo de transtornos”, diz o texto. “Não me preocupa a minha situação jurídica”.
Repúdio do STF e de Bolsonaro
A conduta do ex-parlamentar foi repudiada pela presidente do STF, ministra Rosa Weber. “O Supremo Tribunal Federal manifesta seu veemente repúdio à agressão sórdida e vil, expressão da mais repulsiva misoginia, de que foi vítima a ministra Cármen Lúcia em função de sua atuação jurisdicional, no âmbito do Tribunal Superior Eleitoral”, disse Weber.
“Condutas covardes dessa natureza são inadmissíveis em uma democracia, que tem como um de seus pilares a independência da magistratura. Não há como compactuar com discurso de ódio, abjeto e impregnado de discriminação, a atingir todas as mulheres e ultrapassar os limites civilizatórios”, acrescentou.
O presidente Jair Bolsonaro, nas redes sociais, também se manifestou contra o ex-parlamentar, na tarde deste domingo.
Tentou disputar a Presidência
Jefferson tentou disputar a Presidência da República nestas eleições, mas o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) anulou a candidatura por unanimidade, no início de setembro. Presidente de honra da legenda, Jefferson se lançou candidato ao Palácio do Planalto mesmo cumprindo prisão domiciliar. No lugar do ex-deputado federal, o PTB lançou a candidatura de Padre Kelmon.
Jefferson foi preso em agosto de 2021 por ordem do ministro Alexandre de Moraes, devido a uma série de ataques e ofensas nas redes sociais ao Supremo e aos ministros da corte, além de calúnia, homofobia e incitação a dano ao patrimônio público.