Após quase 20 horas de julgamento, o quarto réu pelo assassinato do ex-secretário de Saúde de Porto Alegre, Eliseu Santos, foi condenado como o mandante do crime ocorrido há 12 anos na Capital. O empresário Jorge Renato Hordoff de Mello pegou 42 anos e dois meses de prisão por homicídio qualificado, adulteração de sinal veicular e corrupção ativa.
A sentença foi lida pelo juiz Thomas Vinícius Schons, da 1ª Vara do Júri, na manhã desta quinta-feira (20). A defesa do acusado pretende ingressar com recurso, alegando nulidades no curso do julgamento, quebra do decreto da prisão preventiva e diminuição de pena. Já o Ministério Público pondera se vai, ou não, pedir o aumento da pena imposta ao condenado.
O conselho de sentença, composto por 5 mulheres e 2 homens, entendeu que a execução de Eliseu Santos ocorreu para garantir a impunidade do réu em outros processos, fato que contribuiu para o endurecimento da sentença. O fato da vítima ser maior de 60 anos também foi levado em consideração pelos jurados.
Em depoimento, realizado na noite passada, Jorge reiterou que não tem ligação com o assassinato e que nunca conheceu o médico e político pessoalmente. Já nos debates, o MP voltou a sustentar que Eliseu teve a morte encomendada após denunciar um esquema envolvendo a empresa do réu, a Reação, e funcionários da pasta que comandava.
Enquanto isso, a defesa do acusado se apegou ao inquérito policial, que teve conclusão divergente da denúncia oferecida à Justiça. A tese da Polícia Civil, à época dos fatos, é de que o então secretário de Saúde de Porto Alegre foi vítima de um latrocínio – ou seja, foi morto em um assalto. O embate entre as partes se encerrou após às 4h.
Outras condenações
Jorge Renato Hordoff de Mello teve a pena mais alta entre os quatro condenados pelo assassinato até aqui. Antes dele, foram a júri Robinson Teixeira dos Santos, que pegou 33 anos de prisão; e Eliseu Pompeo Gomes e Fernando Junior Treib Krol, sentenciados a 27 anos e 10 meses de prisão, cada, em meio de 2016.
Próximos julgamentos
Ao todo, 13 pessoas foram denunciadas no caso. Destas, quatro já foram julgadas e uma morreu. Outros dois júris acontecem ainda neste ano: em 23 de novembro, envolvendo Marcelo Pio (outro sócio da empresa Reação) e Jonatas Pompeu Gomes; e em 12 de dezembro, com Cássio Medeiros de Abreu, Marco Antonio Bernardes e José Carlos Brack.
Relembre o caso
O então secretário de Saúde de Porto Alegre, Eliseu Santos, foi morto aos 63 anos na saída de um culto religioso, no bairro Floresta, em Porto Alegre, na presença da mulher e da filha, que tinha apenas sete anos. O então secretário estava armado, tentou revidar os disparos, mas não resistiu.
Polícia Civil e Ministério Público divergem quanto ao caso. A investigação conduzida à época apontou que Eliseu havia sido vítima de um latrocínio. A versão dos fatos que é julgada, entretanto, é a do MP – que sustenta que a morte foi encomendada.
Isso porque o secretário teria descoberto um esquema de corrupção, envolvendo a empresa responsável pela vigilância dos postos de saúde da Capital à época dos fatos.