Câmara dos Deputados vai ter quatro parlamentares indígenas, todas mulheres

Elas assumem o cargo em 1º de fevereiro de 2023

Sonia Guajajara. Foto: Divulgação

Quatro mulheres indígenas foram eleitas para a Câmara dos Deputados em 2022: Sônia Guajajara, eleita pelo PSOL de São Paulo; Célia Xakriabá, eleita pelo PSOL de Minas Gerais; Silvia Waiãpi, eleita pelo PL do Amapá e Juliana Cardoso, eleita pelo PT de São Paulo. Elas assumem o cargo de deputadas federais em 1º de fevereiro de 2023, no dia de início da nova Legislatura do Congresso Nacional.

O levantamento se deu com base nas autodeclarações de candidatura, registradas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Primeira mulher indígena eleita para a Câmara Federal, a deputada Joenia Wapichana (Rede-RR) assumiu o cargo em 2019. No domingo, ela recebeu 11.221 votos e não conseguiu a reeleição. Antes, o primeiro deputado indígena havia sido Mário Juruna (PDT-RJ), que tomou posse em 1983.

Sônia Guajajara recebeu 156.966 votos por São Paulo. Ela é do povo Guajajara/Tentehar, que habita a Terra Indígena Araribóia, no estado do Maranhão. Graduada em letras e enfermagem, ela se pós-graduou em educação especial. Com histórico de luta pelos direitos dos povos originários e pelo meio ambiente, Sônia ilustrou a revista norte-americana Time, em 2022, como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo.

Também por São Paulo, elegeu-se Juliana Cardoso, com 125.517 votos, nesse domingo. Ela exerceu dois mandatos como vereadora em São Paulo, atuando com os movimentos sociais e populares da cidade.

Já Célia Xakriabá recebeu 101.154 votos em Minas Gerais. É mestra em desenvolvimento sustentável pela Universidade de Brasília e doutoranda em antropologia pela Universidade Federal de Minas Gerais. É uma das fundadoras da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade. Na Secretaria de Educação de Minas Gerais, colaborou com a abertura de escolas indígenas e quilombolas e a reabertura de escolas do campo em todo o estado.

Silvia Waiãpi recebeu 5.435 votos no Amapá. Ela é atriz, militar, fisioterapeuta e política brasileira.

Bancada feminina

Com elas, a Câmara dos Deputados passa a ter 91 deputadas a partir do ano que vem. Segundo a Agência Câmara, a bancada feminina é maior do que a eleita em 2018, de 77 mulheres. As mulheres vão representar 17,7% das cadeiras da Câmara. Hoje a representação é de 15%.

Indígenas eleitos no Brasil

Ao todo, foram 171 candidaturas de indígenas consideradas aptas pelo TSE nas eleições deste ano, para todos os cargos em disputa. Além das deputadas federais, também foram eleitos os candidatos indígenas Paulo Guedes (PT-MG), como deputado federal; Wellington Dias (PT-PI), como senador e Hamilton Mourão (Republicanos-RS), também como senador.

A nível estadual, Lucinio Castelo de Assumção, o Capitão Assumção (PL-ES) elegeu-se deputado estadual e Amanda Brandão Armelau, a Índia Armelau (PL-RJ), deputada estadual.

De acordo com o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010, os mais de 300 povos indígenas reúnem cerca de 820 mil pessoas no Brasil, que representa cerca de 0,5% da população.

No mundo, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), os indígenas são cerca de 5% da população mundial e conhecidos líderes na proteção do meio ambiente. Essa população, mundialmente, representa 15% dos mais pobres.