Na Federasul, candidatos ao Senado debatem reformas, agricultura, educação e criação de emprego

Painel se tornou o primeiro encontro oficial entre os postulantes à única vaga de senador pelo Rio Grande do Sul

Candidatos ao Senado com o presidente da Federasul, Anderson Trautman (C) | Foto: Alina Souza/Correio do Povo

Seis postulantes à única vaga de senador pelo Rio Grande do Sul em 2022 encontraram-se, nesta quarta-feira, na reunião-almoço ‘Tá-Na-Mesa’, promovida pela Federasul. Do painel, onde foram discutidos temas como reformas administrativas, agricultura, educação e criação de emprego, participaram os candidatos General Hamilton Mourão (Republicanos), Comandante Nádia (PP), Ana Amélia Lemos (PSD), Airto Ferronato (PSB), Olívio Dutra (PT) e Professor Nado (Avante). Fabiane Sanguiné (PSTU), Maristela Zanotto (PSC) e Paulo Roberto da Rosa (DC) não foram convidados para o debate, o primeiro encontro oficial entre os candidatos desde o início da campanha.

Formato

Três blocos compuseram o painel. No primeiro, os candidatos tiveram cinco minutos para se apresentar ao público presente. Na segunda parte, responderam perguntas, sem conhecimento do conteúdo prévio e da temática, enviadas por integrantes da Federasul. Nessa etapa, os postulantes ao cargo tiveram quatro minutos para se manifestar. Por fim, com um tempo de mais quatro minutos, os políticos fizeram as últimas considerações.

Painel

Sorteado como o primeiro a se manifestar, o candidato Hamilton Mourão (Republicanos), atual vice-presidente da República, recebeu um questionamento voltado à área da agricultura. Ele respondeu sobre o que propõe a respeito da irrigação, armazenamento e políticas de incentivo para o setor.

Mourão salientou que os investimentos em tecnologia serão cruciais para o desenvolvimento do setor primário. “Não resta dúvida que nós precisamos trabalhar em torno de investimentos para melhor tecnologia para irrigar as nossas terras. Como vamos abrir espaços para investimentos? Hoje, os nossos orçamentos estão extremamente comprimidos. Uma das soluções para abrir espaços para investimento passa, especificamente, por analisarmos a enorme renúncia fiscal que existe no nosso país”, pontuou.

Mourão também reforçou que os governos estadual e federal, Congresso Nacional, Assembleia Legislativa e Senado devem tratar em conjunto uma forma para minimizar a seca no RS. Ele disse, ainda, que o Estado pode reverter em torno de R$ 50 bilhões, de um total de R$ 370 bilhões em renúncias fiscais, para investir na agricultura.

Em seguida, a candidata Comandante Nádia (PP) respondeu sobre como o Estado pode chegar a um equilíbrio fiscal. Ela considerou que as reformas, combinadas com maior fiscalização, são cruciais para que isso ocorra. “Equilíbrio se faz, primeiro, com reforma administrativa, que deve ser feita antes da tributária (reforma). Mas combater, efetivamente, a pirataria, as questões de gastos exacerbados, os maus pagadores… nós precisamos ter melhor fiscalização”, analisou.

Nádia também defendeu educação financeira nas escolas e o fortalecimento das escolas técnicas, bem como uma revisão do Pacto Federativo e maior liberdade econômica, com menos impostos e desburocratização. A temática da segurança pública também esteve presente durante o discurso final da candidata.

Já o Professor Nado (Avante) afirmou que antes de começar a falar sobre desenvolvimento em infraestrutura, pretendia se debruçar sobre a dívida do Rio Grande do Sul com a União. Para ele, sem superar este tema, mesmo com o Regime de Recuperação Fiscal (RRF) em curso, não há como pensar em investimento.

“A infraestrutura do Estado só melhorará se nós reequacionarmos a dívida com a União. Nós precisamos de capacidade de investimento. A dívida que aí está, de R$ 89,9 bilhões, já foi paga e, nominalmente, o Estado já pagou R$ 37 bilhões. Nós já pagamos quatro vezes o valor da dívida original que era de R$ 9,5 bilhões”, disse.

Ana Amélia Lemos (PSD) falou da importância de fazer as reformas administrativa e tributária nos dois primeiros anos de governo para tentar contornar o próximo processo eleitoral. “Reformas complexas, como a questão administrativa, não bem abordada aqui e que diz respeito a interesses corporativos. E as corporações têm um peso muito grande sobre o Congresso. Nós teremos uma composição determinada por uma presença grande de corporações muito fortes, influenciadoras dos parlamentares. Se vocês fizer uma reforma tributária ou administrativa na segunda metade do governo, em 2025/2026, você vai ter muita dificuldade pois vai coincidir com o processo eleitoral”, explicou.

A candidata também salientou que as reformas devem ser racionais e simplificadas, sem que haja a retirada de estímulos para alguns setores. Na resposta, ela questionou ainda por que razão o Partido dos Trabalhadores, na época em que ocupou a presidência da República e o governo do Rio Grande do Sul, não conseguiu vencer a pauta sobre a Dívida do Estado com a União. Ana Amélia relembrou, ainda, a trajetória como senadora, em que apresentou mais de 400 projetos de lei, e enalteceu a ideia de que o Senado é “uma missão e não um interesse particular”.

Quinto candidato a responder aos questionamentos da Federasul, Airton Ferronato (PSB) desenvolveu considerações sobre como estimular a criação de emprego no RS. Conforme ele, uma das formas é a valorização das empresas de pequeno porte. “Nós temos duas grandes molas que precisamos debater. A primeira é aquela ideia do curso profissionalizante, no qual eu sou amplamente favorável. Já a segunda é a microempresa, que gera quatro empregos, sendo que, são criadas no Brasil, 600 mil negócios deste tipo em território nacional por ano”, destacou.

Ferronato disse, ainda, ser necessária a implementação de uma política nacional de preservação, sobrevivência e sustentabilidade desse tipo de negócio.

Por fim, Olívio Dutra (PT) respondeu sobre como melhorar a educação pública em âmbito estadual. “A educação, pensando no desenvolvimento integrado no país, a ciência e a tecnologia aplicada, as bibliotecas, os laboratórios, os locais de lazer… estão muito mal há algum tempo. Nós temos que aliar a escola pública com as comunitárias e com as privadas, formando um projeto educacional que é de governo, na dimensão federal, estadual e municipal”, analisou.

O petista também salientou ter sido mal feito o acordo de negociação da dívida do Estado com a União. O petista disse, ainda, pretende retomar o Pacto Federativo – que consistia em promover um equilíbrio na distribuição das receitas do governo federal.

Na próxima quarta-feira, a edição do ‘Tá-Na-Mesa’ reúne os candidatos a vice-governador do Rio Grande do Sul. Por enquanto, não foram confirmados os nomes dos participantes.