O homem acusado de tentar assassinar o escritor Salman Rushdie em Nova York alegou sentir aversão por ele, em razão de ataques a Islã, mas negou contato com o Irã ou que tenha lido inteiro o livro “Versos Satânicos”, segundo entrevista publicada pelo jornal The New York Post nesta quarta-feira.
O escritor de 75 anos levou dez facadas, na última sexta-feira, durante um evento literário público. O autor do ataque, Hadi Matar, de 24 anos, nasceu nos EUA e é considerado por especialistas em radicalismo islâmico como simpatizante do Irã e da Guarda Revolucionária iraniana.
Na breve entrevista ao The New York Post, Hadi, que está detido em uma prisão em Chautauqua (norte do estado de Nova York), expressou surpresa por Rushdie ter sobrevivido ao ataque.
Ele também evitou, a conselho do advogado, afirmar que tenha se inspirado no aiatolá Khomeini, que defendeu em 1989 o assassinato do escritor, embora tenha deixado claro que respeita o ex-líder iraniano.
“Acho que ele é uma grande pessoa. É tudo o que direi sobre o assunto”, disse o réu, que negou ter qualquer contato com o Irã ou com a ala dura do regime.
Sobre o livro que levou Khomeini a emitir a ordem de assassinato há mais de três décadas, Hadi acrescentou: “Li algumas páginas. Não li tudo de capa a capa”.
Por outro lado, declarou ter passado algum tempo assistindo vídeos de Rushdie no YouTube: “Vi muitas conversas. Não gosto de pessoas que são falsas”, acrescentou.
O autor do ataque também disse que descobriu sobre o evento no qual esfaqueou Rushdie quando viu um anúncio online meses atrás e expressou antipatia contra ele com frases repetidas como “não gosto dele” e “é alguém que atacou o Islã, atacou suas crenças, seu sistema de fé”.
Sobre o agressor, filho de imigrantes libaneses, mais detalhes foram conhecidos hoje em um artigo do jornal norte-americano que reúne depoimentos de conhecidos, descrevendo-o como solitário, isolado e quieto.
A mãe do suspeito relatou que, em 2018, Hadi voltou de uma viagem ao Oriente Médio muito focado em ser fiel ao Islã, e garantiu que não quer saber mais dele.
Rushdie permanece em estado grave em um hospital da Pensilvânia. Detalhes sobre a saúde dele são escassos, mas o filho disse que o escritor não precisa mais de respiração assistida.
