Atentado reivindicado pelo Estado Islâmico mata líder talibã em Cabul

Rahimulá Haqqani criticava com veemência o grupo jihadista; ataque suicida deixou outras três pessoas feridas

Um homem com alta honraria dentro do Talibã, conhecido por críticas ao grupo jihadista Estado Islâmico, morreu nesta quinta-feira em Cabul junto com o irmão, em um ataque suicida reivindicado pela própria organização terrorista. informou a Agência France-Presse (AFP).

“O madraçal [faculdade muçulmana] do xeque Rahimula foi alvo de um atentado, e ele e o irmão caíram como mártires”, disse à AFP o porta-voz da polícia de Cabul, Khalid Zadran, que acrescentou que outras três pessoas ficaram feridas na explosão.

Anteriormente, Rahimulá Haqqani já havia escapado de ao menos duas tentativas de assassinato.

O porta-voz do governo afegão, Bilal Karimi, confirmou a morte do líder talibã “em um atentado realizado por um inimigo covarde”.

O Estado Islâmico reivindicou o ataque em um comunicado citado pelo Site Intelligence Group, organização especializada em monitorar portais de grupos islâmicos.

O homem-bomba “conseguiu penetrar no escritório de um dos mais eminentes defensores dos talibãs e um dos principais instigadores da luta” contra o grupo jihadista, ativando “seu colete explosivo”, disse o comunicado.

Haqqani, que não ocupava nenhum cargo no governo talibã, criticava com veemência o Estado Islâmico, que realizou vários ataques desde o retorno dos talibãs ao poder no Afeganistão, há um ano.

Nos últimos meses, ele ainda se pronunciou a favor do direito das meninas afegãs de ir à escola.

“Não há justificativa na lei Sharia para dizer que a educação de meninas não está autorizada. Absolutamente nenhuma justificativa”, disse Haqqani à BBC em uma entrevista em maio.

Os talibãs impuseram inúmeras restrições a mulheres e meninas, em nome de uma concepção fundamentalista do Islã. Em março, as escolas de ensino médio femininas foram fechadas em várias regiões.