Sem acordo, rodoviários da região metropolitana entrarão em greve a partir da madrugada desta terça-feira

Paralisação deve afetar usuários do transporte coletivo intermunicipal de sete municípios da Grande Porto Alegre

Foto: Matheus Platiz/Canoas Bus/Reprodução

Após mais uma audiência de mediação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), em Porto Alegre, o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Rodoviários Intermunicipais da Região Metropolitana (Sindimetropolitano) e o Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio Grande do Sul (Setergs) não chegaram a um consenso em relação ao pagamento dos salários e do ticket alimentação dos trabalhadores.

No encontro, realizado na manhã desta segunda-feira, o sindicato patronal apresentou uma contraproposta que envolve o pagamento, até a próxima sexta, da integralidade do salário referente ao mês de julho e o compromisso do pagamento de, no mínimo, 60% do vale-alimentação no dia 10 de agosto – propostas que não foram aceitas pela categoria.

Essa era a última tentativa de acordo entre as partes para evitar a greve, que começa na madrugada desta terça-feira. Conforme o diretor do Sindimetropolitano, Alex Pereira, a categoria alega que as empresas descumpriram o acordo para quitar o salário dos funcionários até o quinto dia útil deste mês e pagaram apenas 60% da folha.

Além disso, a entidade também cobra o pagamento do ticket alimentação, no valor de R$ 900. O sindicato patronal ofereceu, na semana passada, pagar 60% do valor no dia 10, mas não dá previsão para quitar os outros 40% do benefício. De acordo com o sindicalista, o parcelamento dos salários atinge 2,5 mil trabalhadores.

A paralisação deve afetar usuários do transporte coletivo intermunicipal de Alvorada, Cachoeirinha, Canoas, Glorinha, Gravataí, Nova Santa Rita e Viamão.
Em contato com a reportagem, a Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional (Metroplan) afirmou que ainda aguarda ser notificada sobre a greve.

Mesmo com a paralisação confirmada, uma nova audiência de mediação entre as partes ocorre na próxima sexta, 12 de agosto, às 15h, no Tribunal Regional do Trabalho (TRT).

Recursos

Presente na audiência desta manhã, o governo estadual se comprometeu a protocolar ainda hoje um projeto de lei para antecipar o passe-livre estudantil, no valor de R$ 18 milhões. Para isso, o executivo vai agendar uma reunião com a Mesa da Diretora da Assembleia Legislativa para esclarecer a importância e a urgência da tramitação da proposição. O objetivo é tentar votá-lo antes do prazo máximo regimental, de 30 dias.

Crise

Na última sexta, representantes do Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio Grande do Sul (Setergs), alertaram para a gravidade do desequilíbrio financeiro enfrentado pelo sistema nos últimos anos e reforçaram a necessidade de uma solução definitiva por parte do governo estadual como, por exemplo, um aporte que possa auxiliar no custeio do sistema.

Atualmente, conforme a entidade, cerca de 3,5 milhões de usuários dependem do transporte público coletivo para se locomover. De acordo com o Setergs, houve uma redução de 73% dos passageiros nos últimos 25 anos — 45% deles de 2019 para 2020. O sindicato patronal reforça que vem solicitando a revisão tarifária por parte da Metroplan, que já sinalizou a necessidade de um reajuste tarifário de 19,3%.

O percentual já poderia estar em vigor desde 1° de julho, mas o órgão tenta buscar recursos para evitar o reajuste nesta ordem. Para isso, além do projeto de lei referente a antecipação do passe-livre estudantil, a Metroplan irá enviar ao legislativo gaúcho outra proposição com objetivo de minimizar a alta do diesel.

Diferente de outros anos, em que a revisão poderia ser ativada por meio de decreto, em função do ano eleitoral as medidas precisam do aval dos deputados estaduais.

Empresas afetadas pela greve

Sogil, Soul, Vicasa, Transcal, Empresa de Transporte Viamão LTDA, Consórcio Metropolitano de Transporte CMT e Consórcio de Transporte Nova Santa Rita-Vila Nova.