Julho tem recorde de famílias endividadas e de inadimplentes, aponta CNC

Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

O segundo semestre iniciou com um novo recorde de brasileiros endividados e inadimplentes. O cenário consta de pesquisa divulgada nesta segunda-feira, 8, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Em julho, 29% das famílias tinham algum tipo de conta ou dívida atrasad, o maior patamar de inadimplência desde 2010, quando teve início a série histórica da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), e considera como dívidas as contas a vencer em cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e prestação de casa.

Conforme dados da CNC, o aumento da inadimplência indica que as medidas de governo de estímulo ao consumo, entre as quais saques extras do FGTS e a antecipação do 13º salário de aposentados e pensionistas do INSS, tiveram efeito “apenas momentâneo no pagamento de contas ou dívidas em atraso, concentrado no segundo trimestre deste ano”.

O total de inadimplentes aumentou 0,5 ponto porcentual na passagem de junho para julho. Em relação a julho de 2021, houve uma elevação de 3,4 pontos porcentuais na proporção de lares em situação de inadimplência. O índice de famílias endividadas subiu a percentual de 78% em julho, um aumento de 0,7 ponto percentual sobre junho. Em relação a julho do ano passado, a proporção de lares endividados teve um crescimento de 6,6 pontos percentuais.

“O indicador de comprometimento da renda permanece no mesmo valor, em 30,4%, desde abril, mas 22% dos brasileiros estão com mais da metade dos rendimentos comprometidos com dívidas”, apontou a CNC, em nota. Em julho, 10,7% das famílias afirmaram não ter condições de pagar seus débitos já atrasados, ou seja, permanecerão inadimplentes, alta de 0,1 ponto porcentual em relação a junho.

De acordo com a CNC, a maioria dos que permanecerão sem pagar contas ou dívidinadimplentes,as já atrasadas de meses anteriores está entre os consumidores que não concluíram o ensino médio (13%), que também foram os que mais precisaram atrasar pagamentos no próprio mês de julho (33,3%).

“As famílias com menor renda foram mais afetadas e aumentaram o endividamento, a despeito dos juros altos, para sustentar seu nível de consumo”, explicou a economista Izis Ferreira, responsável pela pesquisa da CNC, em nota oficial.

A proporção de endividados entre famílias que recebem mais de dez salários mínimos por mês subiu a 75% em julho, enquanto que o total de lares com dívidas entre os que recebem até dez salários mínimos avançou a 78,8%.

Entre as modalidades de dívidas, houve redução pelo terceiro mês consecutivo nas contas a pagar em cartão de crédito. Do total de endividados, 85,4% tinham dívidas no cartão de crédito em julho ante uma fatia de 88,8% em abril deste ano.

“As famílias têm buscado alternativas de crédito mais baratas por conta dos juros elevados. Com isso, carnês de loja e crédito pessoal foram as modalidades que avançaram no endividamento, neste início de semestre, representando 18,8% e 9,2% do total de famílias com dívidas, respectivamente”, acrescentou Izis Ferreira.

A pesquisa mostrou ainda uma queda nos financiamentos de automóveis e da casa própria. Em julho de 2021, 12,6% das famílias pagavam prestações de carro e 9,7%, de casas. Em julho deste ano, apenas 10,6% das famílias pagam financiamento de carro, enquanto a fatia comprometida com prestações da casa própria desceu a 7,6%.

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