Denarc descobre falso delivery de lanches que fornecia drogas para classe média alta em Porto Alegre

Kits personalizado com brindes, como isqueiros e sedas saborizadas, também eram entregues aos clientes mais assíduos e fixos

Policiais civis realizaram operação em Alvorada, onde ficava o depósito do esquema vip de tele-entrega | Foto: PC / Divulgação / CP

Um falso delivery voltado à classe média alta, que entregava drogas ao invés de lanches, foi descoberto e desarticulado pelo Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) da Polícia Civil na Zona Norte de Porto Alegre. Os clientes mais assíduos e fixos recebiam inclusive um kit personalizado com brindes, como isqueiros e sedas saborizadas para o consumo dos entorpecentes. A investigação durou em torno de 15 dias e foi coordenada pelo delegado Guilherme Dill. Os agentes apuraram que as drogas entregues pelo “Delivery Bom Apetite” tinham até controle de qualidade.

No final da noite de sábado passado, a operação Empáfia foi então deflagrada em Alvorada, próxima do limite com Porto Alegre. Um depósito do esquema vip de tele-entrega foi localizado no bairro Jardim Algarve. Houve a apreensão de cerca de cinco quilos de maconha e 160 gramas já divididas em porções, além de balanças de precisão, centenas de embalagens personalizadas e materiais para acondicionar e distribuir as drogas. Um suspeito foi preso no momento em que deixava o imóvel, que estava sendo monitorado.

“A investigação iniciou a partir do recebimento de informações de que um homem era responsável pela entrega de entorpecentes em áreas nobres da zona Norte de Porto Alegre”, explicou o delegado Gabriel Borges. “Chamou a atenção que a denúncia informava que a droga era entregue com controle de qualidade, uma vez que alcançava compradores com alto padrão aquisitivo, além de ofertar via redes sociais com marca específica”, acrescentou.

“A organização e o estilo comercial da atividade era grande, tendo em vista que as embalagens de entrega dos entorpecentes possuíam a identificação da ‘empresa’ dos vendedores, de modo que os usuários quando recebessem as drogas pudessem comprovar sua origem”, complementou. O delegado Gabriel Borges lembrou ainda que foi uma investigação em cima de “um grupo organizado que alcançava um público selecionado de usuários, o que demandou ainda mais técnicas especiais de investigação para o alcance do resultado”.

Já o diretor de investigação do Denarc, delegado Alencar Carraro, ressaltou que foi “uma importante investigação que desarticulou um grupo que além de afrontar o sistema de justiça pela prática explícita do tráfico de drogas, constituía-se em verdadeiro modelo empresarial de vendas com grande lucratividade”. O trabalho investigativo terá prosseguimento para identificar e responsabilizar criminalmente os demais envolvidos.