A Comissão de Ética Pública, vinculada à Presidência da República, arquivou, em agosto de 2020, uma denúncia contra o então presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, por ter contratado o suposto personal trainer dele para um cargo na estatal, com salário em torno de R$ 30 mil.
A denúncia em desfavor de Guimarães havia partido da deputada federal Erika Kokay (PT-DF). A parlamentar citou a contratação de Cleyton Gonçalves Carregari para o cargo de consultor da presidência da Caixa. A comissão questionou a estatal sobre o funcionário.
Na peça, a Direção de Gestão de Pessoas relata que a Caixa contratou Carregari em 16 de janeiro de 2019, dias após a posse de Guimarães como presidente da Caixa na gestão de Jair Bolsonaro (PL). Entre as responsabilidades dessa função, prestar assessoria especializada na revisão da política de patrocínio esportivo e do plano estratégico de comunicação e marketing da estatal.
Foram inseridos ao processo o currículo de Carregari, diploma de graduação e certificado de pós-graduação. Guimarães alegou à Comissão de Ética que as contratações são de livre realização e desligamento pelo Conselho de Administração e a presidência da Caixa. “Acerca da qualificação profissional do senhor Cleyton, apontou sua capacitação técnica, acadêmica e a sua visão mercadológica da atividade. Juntou, ainda, parte da produção do trabalho do senhor Cleyton junto à Caixa, demonstrando efetividade na revisão e aperfeiçoamento dos regramentos internos e nos procedimentos afetos à concessão de patrocínios de natureza esportiva”, cita um trecho do ofício.
Carregari informou, em carta enviada à comissão, que nunca realizou nenhum tipo de trabalho particular para Guimarães, tampouco era personal trainer do presidente da Caixa. Ele também relatou os projetos, atividades e resultados alcançados na empresa.
A denúncia teve como relator o consultor Gustavo Rocha, ex-advogado do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, que arquivou o caso. Os esclarecimentos dados pelo denunciado, segundo o membro do grupo, reforçaram a legalidade do ato quanto à contratação de assessor.
“Ao final da instrução processual não foram constatados indícios de conflito de interesses dos servidores envolvidos e nem de eventual desobediência ao Código de Conduta da Alta Administração Federal”, considerou Rocha.
A reportagem do portal R7 procurou Carregari, Guimarães e a Caixa, mas não obteve retorno. O espaço está aberto para manifestação.