Após renderem e desarmarem guardas, 35 presos ligados ao PCC fogem de penitenciária do Paraguai

Efetivos foram mobilizados para cerco aos fugitivos, mas apenas 15 foram recapturados, segundo o Ministério da Justiça

Foto: Reprodução / Ministério da Justiça Paraguaio

Ao menos 35 presos ligados à facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) renderam os guardas e fugiram da Penitenciária Regional de Misiones, no Paraguai, no fim da tarde desse domingo. O centro prisional fica a 330 quilômetros de Foz do Iguaçu, no Paraná, e a 480 quilômetros de Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul, cidades da fronteira com o Paraguai. A Polícia Nacional do Paraguai comunicou a fuga às secretarias de Segurança Pública dos dois estados do Brasil.

Efetivos foram mobilizados para um cerco aos fugitivos, mas até a manhã desta segunda-feira apenas 15 tinham sido recapturados, segundo o Ministério da Justiça. Um deles foi baleado, mas sobreviveu. O comandante das forças de busca, comissário Baldomero Benitez, pediu apoio aéreo após informar que uma parte dos fugitivos havia deixado a região de Misiones. Segundo ele, os foragidos já podem ter chegado às fronteiras do Brasil e da Argentina.

Na manhã desta segunda-feira, o ministro da Justiça paraguaio, Édgar Olmedo, anunciou uma intervenção na penitenciária e o afastamento definitivo do diretor do centro de reclusão. Segundo ele, os presos foram recrutados como “soldados” pelo PCC. “Em sua maioria, são cidadãos paraguaios vinculados ao grupo criminoso brasileiro PCC, havendo entre eles alguns com função de hierarquia no braço paraguaio da facção”, afirmou.

Conforme relatório divulgado pela administração prisional, no fim da tarde de domingo os presos, que cumpriam pena no pavilhão reservado a integrantes do PCC, renderam os carcereiros, tomaram armas deles e os usaram como reféns para sair do pavilhão. Em seguida, pularam a muralha usando cordas feitas com lençóis.

De acordo com o ministro, não está descartada a possível cumplicidade dos guardas com o grupo que fugiu. O diretor do presídio já havia sido suspenso do cargo depois que uma operação do ministério encontrou grande quantidade de armas e drogas em poder dos presos. Ainda segundo Olmedo, a fuga expõe toda a sociedade, já que, entre os fugitivos, há detentos de alta periculosidade, acusados de homicídios, assaltos e tráfico internacional de drogas.

Para Olmedo, o episódio reforça a influência que o PCC vem conseguindo exercer no sistema carcerário paraguaio. Segundo ele, a facção brasileira está ganhando “corpo e espaço” no país vizinho. Desde que passou a agir no Paraguai, há cerca de dez anos, disputando as rotas de tráfico de drogas e armas com a facção carioca Comando Vermelho (CV) e grupos locais, o PCC passou a recrutar “soldados”, sobretudo nos presídios.

Outra fuga

Em janeiro de 2020, ao menos 76 presos fugiram da penitenciária regional de Pedro Juan Caballero, por meio de um túnel cavado desde o interior das celas até o lado externo, passando sob a muralha do presídio. A maioria dos fugitivos era ligada ao PCC, o que pôs em alerta as forças de segurança pública do Brasil. A investigação concluiu que a fuga havia sido facilitada por carcereiros e funcionários do presídio.