Declaração de senador que recebeu R$ 50 milhões de orçamento secreto repercute mal na bancada

Marcos do Val afirmou em entrevista a um jornal que pôde indicar emendas como gratidão por ter apoiado a campanha de Pacheco

Senador Marcos do Val | Foto: Pedro França / Agência Senado / R7

A declaração do senador Marcos do Val (Podemos-ES), de que recebeu R$ 50 milhões de emendas de relator (RP9), também conhecida como orçamento secreto, para apoiar a candidatura de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) à Presidência do Senado, no ano passado, repercutiu de forma negativa na bancada.

O R7 conversou com alguns senadores que apontaram que a situação toda não é bem vista. Em um grupo de aplicativo de mensagens com os senadores do partido, do Val chegou a publicar a notícia e uma nota dizendo que foi mal interpretado, mas os colegas ficaram em silêncio.

Nas discussões sobre orçamento secreto, a bancada do Senado é sempre crítica. Em novembro do ano passado, quando o Senado votou o projeto de resolução que altera as regras das emendas de relator, senadores do Podemos discursaram se posicionando contra.
A proposta obrigava a identificação dos autores das emendas, mas sem retroagir, o que não iria obrigar a identificação daqueles que já haviam destinado emendas. Na época, o líder do Podemos, Álvaro Dias (PR), defendeu, durante a sessão, a extinção das emendas, e afirmou que o projeto de resolução seria uma anistia aos atos praticados anteriormente, e que o texto iria garantir a “clandestinidade no repasse de recursos públicos”.

Naquela votação, dos nove senadores da bancada, oito votaram contra a proposta, seguindo orientação da bancada. Marcos do Val não votou. Na eleição da Presidência da Casa, Marcos do Val também não seguiu orientação da bancada, que na época declarou apoio à senadora Simone Tebet (MDB-MS). Ele e o senador Romário (PL-RJ), que era do Podemos, apoiaram Pacheco. Na ocasião, houve um mal-estar na bancada.

Em entrevista publicada no jornal O Estado de S. Paulo, Marcos do Val afirmou que recebeu R$ 50 milhões do orçamento secreto por ter apoiado a campanha de Pacheco, como uma forma de “gratidão”. Segundo do Val, a informação foi repassada a ele por Davi Alcolumbre (União-AP), que articulou a campanha de Pacheco. Ao jornal, Pacheco disse desconhecer o fato. Após repercussão, do Val divulgou uma nota dizendo que foi mal interpretado.

“Jamais houve qualquer tipo de negociação política para a eleição do presidente Rodrigo Pacheco, que envolvesse recursos orçamentários. Afirmo com toda certeza que jamais aconteceu. Fiz referência a existência de critérios no Senado para indicações transparentes de recursos por senadores, inclusive elogiando a postura do presidente Pacheco nesse sentido”, afirmou.

O senador ressaltou que as indicações de emendas orçamentárias são prerrogativa parlamentar. “Totalmente lícita, transparente, um compromisso que assumi quando eleito para ajudar o meu estado e seus municípios. Reforço mais uma vez que todo o recurso orçamentário recebido foi destinado ao Espírito Santo e, por iniciativa própria, sempre foram informados na sua integralidade ao Ministério Público do ES. Peço desculpas por eventual mal entendido”, disse.

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