Eleições 2022: Número de filiados recua, siglas novas crescem no RS

Veja quais partidos atraíram e quais perderam mais eleitores nos últimos anos

Foto: Camila Domingues/Correio do Povo

O número de eleitores filiados a partidos políticos vem caindo no Rio Grande do Sul. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que o Estado tinha 1.419.693 pessoas filiadas a algum partido político há quatro anos, nas eleições de 2018. Neste ano, encerrado o período de filiações, em abril, foram computados 1.323.881 em maio, uma queda de 6,7%, na comparação dos dados do mesmo mês há dois anos. Além disso, o movimento deste e do ano eleitoral anterior, em 2020, aponta para um movimento contrário ao crescimento gradativo do número de filiados, observado nas últimas duas décadas. Entre 2022 e 2018, o número de eleitores vinculados com siglas aumentou gradativamente, apresentando um acréscimo de 44% no RS.

Dentro desse cenário, partidos mais tradicionais, considerados os maiores até pela quantidade de políticos em seus quadros, são os que mais apresentaram redução, enquanto outros, fundados nas últimas duas décadas, agregam mais integrantes para suas frentes. MDB, PDT e PP seguem, juntos, representando metade das filiações partidárias no Estado, mas perderam, respectivamente, 9%, 13% e 6% de seus quadros em relação a 2018. Isso provocou a inversão entre os emedebistas e os trabalhistas nas duas primeiras posições de maiores partidos neste quesito, com o MDB passando a encabeçar a lista.

A quantidade de filiados espalhados pelo RS, embora não seja fator determinante para a eleição de um político, abre espaços para campanhas. “Se olharmos de uma maneira mais específica para o Estado, creio que é um indicador importante. Mesmo partidos de perfil mais conservador como o PP, por exemplo, que no resto do país possui um perfil mais volátil, no RS possui características mais orgânicas e o seu número de filiados representa de fato capilaridade. O mesmo pode-se dizer do MDB, além é claro das siglas de esquerda”, explica o doutor em Ciência Política e escritor Juliano Corbellini.

Filiações sofrem diferentes influências

Entre os dez maiores partido, o PSB, que mantém-se como a sétima sigla com mais filiados, cresceu menos de 1%. Enquanto isso, o Republicanos passou a figurar na lista de principais legendas. O partido, que em 2018 ainda se chamava PRB, apresentou 36% de aumento no número de filiados na comparação entre 2018 e 2022, saltando da 12ª para a nona posição. No campo mais à direita, além do partido, outros como o PL, o Patriotas e o PRTB também cresceram. Já no campo da esquerda, o PSol, diferente de partidos como PT e PCdoB, teve um acréscimo de 31% de filiados no período.

“Sobre os partidos conservadores, trata-se de um óbvio reflexo do bolsonarismo, que possui uma militância ativa, mobilizada, orgânica, espalhada em vários partidos e que hoje pode ser inclusive maior que a militância de esquerda. O PSol se beneficia por não ter estado no centro das recentes crises da política brasileira e por ser muito aberto a expressão de novas minorias sociais ativas”, explica Juliano Corbellini.

Esse crescimento está vinculado ainda à busca ativa por filiados feita por siglas mais novas, mais que propriamente o aumento de simpatizantes com um outro campo ideológico. É o que entende o cientista político e sociólogo Carlos Alberto Almeida. “Minha tendência é achar que o crescimento do número de filiados é resultado de um esforço deliberado dos dirigentes partidários em campanha por busca de filiados”. Almeida destaca que quando não há essa busca, é comum que os partidos percam filiados, principalmente após os pleitos. Além disso, o pesquisador acredita que muitas siglas prefiram ter mais seguidores e interação em redes sociais que propriamente filiados em seus quadros. Ele vê uma subcultura no RS que tem apego às instituições, sendo o tamanho dos partidos em número de filiados visto com maior importância na comparação com outros estados.

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