Caso Ronei Júnior: concluídos depoimentos das vítimas em segunda etapa de júri

Pai de adolescente assassinado em 2015 se emocionou ao relembrar agressões

Depoimento de Ronei Faleiro finalizou a fase de oitiva das vítimas. Foto: Juliano Verardi/TJRS

Depois do depoimento de Richard Saraiva de Almeida, sobrevivente das agressões que causaram a morte do adolescente Ronei Faleiro Júnior, em Charqueadas, no ano de 2015, o tribunal do júri tomou, nesta segunda-feira, o depoimentos da amiga e do pai do jovem, também feridos pelos autores dos crimes. Ainda nesta semana, os réus Alisson Barbosa Cavalheiro, Geovani Silva de Souza e Volnei Pereira de Araújo – todos acusados de envolvimento no assassinato e tentativa de homicídio dos sobreviventes – serão ouvidos e julgados pela Justiça de Charqueadas. Três dos dez réus já foram condenados a penas de mais de 35 anos de prisão, em agosto.

Francielle Wienke, namorada de Almeida, afirmou que ela, o companheiro e Ronei Júnior foram perseguidos ao deixarem a festa de arrecadação de dinheiro para a formatura da turma. Ela conta que os agressores puxaram Ronei para a calçada e o agrediram brutalmente quando os três tentarem entrar no carro do pai do jovem, de 17 anos, que morreu em atendimento médico. “Richard tentava puxar Ronei Júnior para dentro. Quando conseguimos, Ronei pai entrou no carro, arrancou e saiu. A porta do motorista ainda estava aberta e havia pessoas tentando agredi-lo”, relatou a vítima também confirmou que os acusados faziam parte da gangue conhecida como “bonde da aba reta”.

Última vítima a depor, o pai do adolescente morto relatou que, na madrugada de 1º de agosto, os jovens avançaram em direção ao carro dele e deram início às agressões, na saída do Clube Independente. “O carro estava sendo chutado, ‘picado’ a garrafas”. Ronei sofreu diversos chutes, socos e garrafadas pelas costas”, disse Faleiro, sobre o filho. “Eu tenho orgulho dele. Um filho de 17 anos, cheio de sonhos que ficaram naquela calçada pela ação de alguns que teimam em colocar [o caso] como uma brincadeira com um desfecho ruim”, declarou, mais uma vez emocionado, a exemplo do que já havia ocorrido no júri do mês passado.

Mais oito depuseram

Mais oito pessoas depuseram em plenário, a partir do fim da tarde desta segunda-feira. Seis foram ouvidas na condição de testemunhas (quatro de acusação e duas de defesa) e duas na de informantes. Amanhã, o julgamento recomeça com o interrogatório dos réus, a partir das 9h.

O delegado que presidiu o inquérito policial referente aos crimes, Rodrigo Machado Reis, abriu a fase de depoimentos de testemunhas reforçando detalhes da investigação. Em seguida, falaram as irmãs Natali Gabrieli e Júlia Natieli Ribeiro da Silva, ouvidas na condição de informantes por terem tido um relacionamento com dois dos réus. Na sequência, depôs a testemunha Cláudia da Silva e Silva, mãe de uma das colegas de Ronei Júnior, e que presenciou as agressões.

O ex-colega de turma de Ronei, Gustavo Souza, e Leandro de Souza Silveira, que era vigilante de um supermercado, e viu o ataque, também depuseram. Daniel Soares da Silva e Guilherme Brandão Guimarães foram os últimos a falar, arrolados pela defesa do réu Alisson. A maioria dos depoentes de hoje não permitiu a transmissão online das declarações.

O segundo julgamento do caso Ronei Júnior é presidido pelo juiz Jonathan Cassou dos Santos e transmitido pelo canal do Tribunal de Justiça no YouTube diretamente do Salão do Júri da Comarca de Charqueadas.

Série de três júris

O júri de nove dos dez réus, marcado inicialmente para novembro de 2019, acabou sendo dividido em três julgamentos diferentes, a pedido da defesa. Peterson Patric Silveira Oliveira, Vinícius Adonai Carvalho da Silva e Leonardo Macedo Cunha foram condenados no início da madrugada de 25 de junho.

Vão a julgamento, nesta semana, Alisson Barbosa Cavalheiro, Geovani Silva de Souza e Volnei Pereira de Araújo. Os réus Jhonata Paulino da Silva Hammes, Matheus Simão Alves e Cristian Silveira Sampaio devem comparecer ao tribunal em 11 de julho.

O décimo adulto acusado de envolvimento nos crimes, Rafael Trindade de Almeida, denunciado depois dos demais, é alvo de outro processo.

Conforme os promotores, os acusados faziam parte da gangue “bonde da aba reta”. Todos respondem pelos crimes de homicídio qualificado, três tentativas de homicídio qualificado, associação criminosa e corrupção de menores.

Os réus perseguiram as quatro vítimas, arremessando garrafas, usando soqueiras e aplicando chutes, principalmente em Ronei Júnior. Câmeras de monitoramento flagraram o ataque.

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