Caso Ronei: “era como se estivessem esperando presas”, relata sobrevivente

Primeira vítima a depor nesta segunda-feira, Richard Saraiva de Almeida alegou ter sido vítima de tentativa de homicídio

Foto: Juliano Verardi - DICOM/TJRS

Richard Saraiva de Almeida, um dos sobreviventes dos crimes que resultaram na morte do adolescente Ronei Faleiro Júnior, em agosto de 2015, em Charqueadas, declarou, em depoimento à justiça, ter sido vítima de tentativa de assassinato pelas cerca de 30 pessoas envolvidas nas agressões. Nesta segunda-feira, a Justiça de Charqueadas retomou o julgamento dos envolvidos no homicídio. Três dos dez réus foram condenados a mais de 30 anos de prisão, ainda em junho. O ataque ocorreu na saída de uma festa, no fim da madrugada. Ronei Júnior morreu dentro de uma ambulância, depois de ser brutalmente espancado em frente de um casal de amigos e do pai – também feridos pelo bando.

Ao depor, ele disse ter sido ameaçado por um dos réus ainda durante a festa e que Ronei Júnior, então, o ofereceu uma carona, no carro do pai, para deixar o local. “Na descida das escadas, Jhonata Hammes (réu que vai ser julgado em 11 de julho) tentou desferir um soco e eu me esquivei. Entrei no carro e tentei puxar Ronei Júnior comigo. Mas ele foi puxado para fora pelos caras, que estavam dando muitos socos”, contou a vítima.

Almeida também negou a existência de uma suposta rixa pelo fato de morar em outra cidade. “Eles não queriam me pegar. Eles nem me conheciam. Eles estavam pela maldade, queriam pegar alguém”, disse. “Era como se estivessem esperando presas. Se não fosse a nossa ação, a gente tinha sido massacrado”, concluiu.

Primeira das vítimas a prestar depoimento, ele pediu para falar sem a presença dos réus e sem transmissão online. A namorada dele, Franciele Wienke, depôs em seguida, no início da tarde. Terceiro sobrevivente, Ronei Wilson Faleiro, pai do jovem assassinado, falou por último. O delegado que investigou o caso, Rodrigo Machado Reis, presta depoimento no fim da tarde.

Série de três júris

O júri de nove dos dez réus, marcado inicialmente para novembro de 2019, acabou sendo dividido em três julgamentos diferentes, a pedido da defesa. Peterson Patric Silveira Oliveira, Vinícius Adonai Carvalho da Silva e Leonardo Macedo Cunha foram condenados no início da madrugada de 25 de junho.

Vão a julgamento, nesta semana, Alisson Barbosa Cavalheiro, Geovani Silva de Souza e Volnei Pereira de Araújo. Os réus Jhonata Paulino da Silva Hammes, Matheus Simão Alves e Cristian Silveira Sampaio devem comparecer ao tribunal em 11 de julho.

O décimo adulto acusado de envolvimento nos crimes, Rafael Trindade de Almeida, denunciado depois dos demais, é alvo de outro processo.

Conforme os promotores, os acusados faziam parte da gangue “bonde da aba reta”. Todos respondem pelos crimes de homicídio qualificado, três tentativas de homicídio qualificado, associação criminosa e corrupção de menores.

Os réus perseguiram as quatro vítimas, arremessando garrafas, usando soqueiras e aplicando chutes, principalmente em Ronei Júnior. Câmeras de monitoramento flagraram o ataque.