Inflação muda consumo e faz 65% dos brasileiros comprarem marcas mais baratas

Foto: Samuel Maciel/Correio do Povo

O comportamento de consumo do brasileiro está sofrendo o impacto da inflação, juros altos e o aumento dos preços de bens e serviços. É o que revela uma pesquisa realizada pela Proteste, a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, parte de um estudo do qual participam os países-membros do Grupo Euroconsumers, referência global em defesa dos direitos dos consumidores: Bélgica, Portugal, Itália e Espanha. No Brasil, a pesquisa contou com 1.038 participantes, de todas as regiões.

Os resultados indicam que, desde o início do ano, mais de 90% dos entrevistados já mudaram seus hábitos nas principais áreas de consumo, especialmente em relação a energia elétrica, alimentação e mobilidade, em alguns casos, incluindo também saúde e atividades sociais. Desses, 70% contaram ter desligado aparelhos ou evitado usá-los a frequência que estavam acostumados, para economizar energia elétrica.

Quanto à alimentação, 65% dos consumidores passaram a comprar no supermercado marcas de preço mais baixo, como as marcas próprias das redes, e uma em cada três pessoas diz ter cortado os alimentos não essenciais. A cada dois entrevistados, um afirmou que está comprando uma quantia menor de peixe ou carne.

CONSUMO ADIADO

No que diz respeiro à mobilidade, três quartos dos respondentes revelaram ter mudado seu comportamento de consumo, são 45% os que estão deixando de usar o carro por conta do combustível mais caro, e 28% os que disseram estar dirigindo de maneira mais econômica.

Mais da metade dos entrevistados (53%) afirma ter renunciado ou adiado a compra de roupas para si, 47% cortaram atividades sociais, como a ida a restaurantes e bares, e 30% tiveram de mudar os planos para as férias. Também teve uma parcela que cancelou o atendimento odontológico (29%), outra que adiou consultas médicas (26%), e um grupo que deixou para depois a compra de óculos ou aparelhos auditivos (20%).

Quase um quarto de todos os entrevistados descreveu a situação financeira da família como difícil, sendo que 39% declaram que, neste momento, a condição é pior do que a de um ano atrás. E mais da metade dos entrevistados (58%) indicou não ter margens ou economias para lidar com futuros aumentos de preços.

Apesar da piora em geral, dentre os países que participaram do estudo, o Brasil foi o que apresentou o maior percentual de consumidores que tiveram melhora no padrão financeiro. Quando solicitados a comparar a situação financeira atual com a de um ano atrás, 16% dos brasileiros afirmaram ter havido progresso. Em Portugal e na Espanha esse dado foi 9%, na Bélgica foi 8%, e na Itália, 7%.

(*) com R7

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