Partido da base governista, PP decide não apoiar criação de CPI da Petrobras

Decisão expõe racha no Centrão; bancada do PL é a signatária do pedido de abertura

Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados

Após reunião da bancada na última terça-feira, o PP, partido da base do presidente Jair Bolsonaro (PL), decidiu não apoiar a criação de comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar a Petrobras, defendida pelo chefe do Executivo. A decisão expõe um racha no Centrão, que dá base ao governo. A bancada do PL assina o pedido inicial de abertura da comissão.

O entendimento ocorreu de forma unânime, segundo a vice-líder Margarete Coelho (PP-PI). “Não é que o partido seja a favor ou contra. O que o partido decidiu é aguardar outras soluções”, disse ela ao R7. Questionada sobre a quais soluções se referia, a deputada falou em “soluções administrativas vindas do Executivo”.

O líder do governo, Ricardo Barros (PP-PR), disse à reportagem que não participou da reunião na terça-feira. O parlamentar não quis opinar sobre a decisão da bancada. “O líder [André Fufuca] deve saber os motivos, porque a reunião foi fechada. Honestamente, não conversei sobre isso e não vou comentar”, disse.

Até o momento, segundo Barros, o requerimento para criar a comissão conta com 133 assinaturas — incluindo a dele. O documento precisa ter o apoio de 171 parlamentares para ser remetido ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que determina ou não a abertura da CPI.

Na segunda-feira, a abertura da CPI chegou a ser discutida em uma reunião de líderes na residência oficial do presidente da Câmara. Após o encontro, Lira afirmou que, se houver embasamento, assinaturas e fato determinado, o órgão vai ser instalado.

Nessa terça, o PL apresentou o requerimento inicial para abertura de CPI a fim de investigar supostas irregularidades no processo de definição de preços dos combustíveis e outros derivados de petróleo no mercado interno. No documento, assinado por 16 deputados do PL, os parlamentares defendem investigar, entre outros pontos, a conduta da diretoria e do conselho da Petrobras sobre os preços e o modelo de gestão da estatal.

O presidente da estatal, José Mauro Ferreira Coelho, pediu demissão do cargo, na segunda-feira, após um novo anúncio de reajuste no preço dos combustíveis. Os aumentos são definidos pela direção da Petrobras e por conselheiros da companhia, em maioria indicados pelo governo federal. Hoje, o conselho é formado por 11 membros, seis deles escolhidos pela gestão Bolsonaro.