Polícia Civil apura atuação do Conselho Tutelar no caso Mirela em Alvorada

Equipe da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) investiga histórico de maus-tratos e morte da menina; mãe e padrasto foram presos, no sábado passado

Foto: Divulgação / Polícia Civil

A Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Alvorada apura a atuação do Conselho Tutelar no caso da menina Mirela Dias Franco, levada morta, em 31 de maio, à Unidade Básica de Saúde do bairro Jardim Aparecida. “Estamos ainda apurando o contexto das declarações do Conselho Tutelar”, explicou na manhã desta quarta-feira a delegada Jeiselaure Rocha de Souza, que responde pelo órgão policial nas férias da titular, delegada Samieh Bahjat Saleh. “Vamos apurar com bastante seriedade essa questão do Conselho Tutelar”, assegurou.

O trabalho investigativo sobre a morte de Mirela envolve a análise das imagens das câmeras de monitoramento do posto de saúde, mostrando a chegada da criança ao local, trazida pelo padrasto, que era acompanhado de outras pessoas. No vídeo, os funcionários do posto de saúde correm para levar a menina ao atendimento médico, sendo constatado então o óbito. A vítima tinha hematomas e lesões pelo corpo ao ser levada até a unidade de saúde. “Todos os detalhes são importantes para a investigação”, esclareceu a delegada Jeiselaure.

A mãe de Mirela e o padrasto da menina foram presos na manhã de sábado passado, durante o cumprimento de dois mandados judiciais de prisão preventiva pelo crime de tortura-castigo com resultado morte. No bairro Guajuviras, em Canoas, os agentes detiveram a mãe, de 24 anos. Já o padrasto, de 27 anos, havia fugido para Palhoça, em Santa Catarina.

“Durante a investigação, em que foram ouvidas várias testemunhas e analisados vários prontuários médicos da criança, constatou-se que ela estava sempre com medo, chorando ou machucada. Pelo relato das testemunhas, que inclusive viram a vítima, em diversas oportunidades, com hematomas e lesões, com medo do padrasto e não querendo retornar para a casa com a mãe”, lembrou a delegada, ainda no fim de semana.

“A vítima teve várias entradas em unidades de saúde por múltiplas fraturas, escabiose e até mesmo queimaduras que sequer foram adequadamente tratadas pela mãe”, observou, na ocasião.

Os exames e prontuários médicos “mostraram múltiplas lesões e fraturas antigas e atuais, marcas de queimadura e uma severa hemorragia abdominal que levou a menina à morte”. O Instituto-Geral de Perícias examinou o corpo, confirmando a hemorragia abdominal.

“Os investigados, mãe e padrasto, submeteram a vítima, com pouco mais de três anos de idade, com emprego de violência e grave ameaça, consubstanciados em agressões físicas, privações, negligência a intenso sofrimento físico e mental, como forma de castigo pessoal, ao longo de mais de dois anos de convivência do casal, o que caracteriza o crime de tortura pelo resultado morte”, frisou a delegada Jeiselaure.