Caso Bruno e Dom: pescador escondeu restos mortais a mais de 3 km do local do crime

Polícia Federal relata que suspeito escolheu local de difícil acesso para enterrar corpos e afundou embarcação

Foto: Guilherme Mendes/Record TV

A Polícia Federal deu detalhes, nesta quarta-feira, das buscas aos corpos do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo na região da Terra Indígena do Vale do Javari, no Amazonas. Segundo a corporação, os restos mortais encontrados ao longo do dia foram ocultados a mais de 3 km do local do crime.

Segundo a PF, Amarildo dos Santos, um dos pescadores detidos pela corporação, confessou ter matado, esquartejado e ateado fogo nos corpos de Dom e Bruno. Amarildo está preso com o também pescador Osoney da Costa, irmão dele. Os dois foram vistos por testemunhas perseguindo a lancha da dupla.

Amarildo informou o local em que os corpos foram incendiados e abandonados e levou equipes da Polícia Federal até a região.

“Foram encontrados remanescentes humanos, e escavação continua. A partir de agora, passamos à fase de identificação desses remanescentes humanos, que estão sendo coletados com a maior dignidade. Eles serão encaminhados ao instituto de perícia em Brasília, onde será realizada a identificação. A ideia, em sendo comprovado que eles são relacionados ao Dom e ao Bruno, vamos restituir mais breve possível à família”, disse o superintendente regional da PF no Amazonas, Eduardo Alexandre Fortes.

O superintendente disse que a confissão do crime contribuiu para a localização. “Nós não teríamos condições de chegar de forma tão rápida neste local se não fosse essa confissão. É um local de dificílimo acesso”, destacou.

De acordo com Fortes, os investigadores levaram pouco mais de duas horas do trajeto entre Atalaia do Norte até o local onde Amarildo confessou ter enterrado os cadáveres. “Se não houvesse esse trabalho investigativo, que permitiu a confissão desse primeiro criminoso, a gente chegaria com mais dificuldade, demoraria mais tempo.”

Terceira pessoa

O superintendente comentou que mais pessoas podem estar envolvidas no caso. “Temos indícios da prática por outra pessoa que nós estamos investigando. Houve crime, há materialidade. Estamos na fase de desvendar todos os autores e a real motivação do delito.”

Apesar de o material encontrado nesta quarta ainda precisar de perícia para confirmar as identidades, o delegado da Polícia Civil Guilherme Torres já falou sobre os restos mortais como sendo de Bruno e Dom pelas circunstâncias em que foram encontrados a partir da confissão do suspeito.

“Todos os esforços foram empregados. Nossa missão precípua, desde o início, era encontrá-los com vida. Infelizmente, trazemos essa triste notícia aos familiares, aos amigos, à sociedade e a imprensa mundial”, disse o delegado Guilherme Torres.

Desde a semana passada, a PF analisa o material orgânico encontrado em um rio da região e compara com amostras de DNA entregues pelos familiares das vítimas.

A partir de agora, as diligências buscarão entender as motivações e as circunstâncias dos crimes.