Senado aprova medida provisória com salário mínimo de R$ 1.212

Relatora da matéria, Soraya Thronicke criticou o valor e se disse 'constrangida' em não conseguir acatar emendas para ampliar

Plenário do Senado Federal, em Brasília. Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

O Senado aprovou, nesta quinta-feira, a medida provisória (MP) que definiu o valor de R$ 1.212 para o salário mínimo em 2022. O texto havia sido publicado pelo governo em 31 de dezembro do ano passado, entrando em vigor de imediato. As MPs, contudo, dependem da aprovação do Congresso para que não percam validade. Na Câmara, a medida havia sido avalizada na última terça-feira. Agora, o texto agora segue para promulgação.

Relatora da MP, a senadora Soraya Thronicke (União-MS) criticou a proposta, dizendo que ela representa pouco. Isso porque o valor previsto não garante ganho real no salário, mas apenas a correção inflacionária.

“A situação do Brasil não é simples, nossa situação econômica é grave. E eu confesso que eu gostaria de trazer aos brasileiros, com essa medida provisória, uma notícia melhor do que a que a gente traz hoje, da manutenção do valor determinado na medida provisória”, admitiu a senadora.

Soraya disse ainda que o país fica distraído discutindo questões políticas e ideológicas, mas que a questão não passa de cortina de fumaça que impede as pessoas de prestarem atenção no real problema do país, que é de ordem econômica. “As pessoas ficam se distraindo com bobagens que não vão colocar comida na mesa dos brasileiros”, criticou.

A senadora se disse constrangida em não conseguir acatar uma emenda do senador Jorge Kajuru (Podemos-GO), que propôs que a partir de 1º de julho um salário mínimo de R$ 1,3 mil. A senadora pontuou que tentou, mas não viu viabilidade para isso, ressaltando que o preço da cesta básica hoje é de R$ 715, o que significa que um salário mínimo não consegue comprar duas cestas ao mês.

“E isso porque somos o celeiro do mundo, grandes produtores, e o agronegócio que se mantém forte apesar da pandemia. Fico feliz que o agro está bem, mas todos nós precisamos lembrar que não somos um setor só”, frisou.

A senadora pontuou que a pandemia da Covid-19 gerou uma série de problemas graves no país e no mundo, mas que não justifica o Brasil ter a terceira pior inflação entre as grandes economias do mundo, segundo dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). “É hora de todos os brasileiros prestarem atenção no que realmente importa e pararem de se distrair com conversa fiada”, disse.

Ao justificar a inviabilidade de aumentar o valor previsto na MP, Soraya Thronicke explicou que cada R$ 1 a mais no salário mínimo provoca aumento de R$ 364,8 milhões, ainda em 2022, em despesas com benefícios da previdência, abono, seguro desemprego e benefícios de prestação continuada. “Não vai para o bolso do brasileiro de forma líquida. Tem uma conjuntura que pesa e que pode nos gerar mais desemprego”, afirmou.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), elogiou a fala da senadora, ressaltando a importância de se apontar “a dicotomia verdadeira que existe no Brasil hoje, entre os problemas reais e os problemas criados com objetivo eleitoral e oportunista”.

“Temos problemas reais no Brasil, que são os problemas de dois dígitos: os dois dígitos da inflação, dos juros, do desemprego, e os dois dígitos que se aproxima o preço da gasolina. Esses são problemas reais que se resolvem com soluções verdadeiras, propositivas”, afirmou.

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