Pacientes dizem haver falta de profissionais e insumos no Hospital Universitário de Canoas

Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) reconheceu situação e trabalha para retirada do município como gestor pleno da instituição

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Denúncias e relatos com relação a falta de profissionais e de insumos básicos, como antitérmicos, compressas e até mesmo papel higiênico, no Hospital Universitário de Canoas, motivaram o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) a elaborar um documento, entregue no início desta semana ao presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal, vereador Gilson Oliveira, com a recomendação para a imediata desabilitação do município da condição de gestor pleno dos recursos do Sistema Único de Saúde (SUS).

De acordo com o vice-presidente do (Simers), Marcelo Matias, o mesmo documento deve ser encaminhado, nesta quinta-feira, ao Ministério Público Estadual, governo do Estado, à Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, Conselhos de Saúde do Município e do Rio Grande do Sul, além do governo federal.

“Já iniciamos um processo para a imediata adoção de providências que viabilizem a retirada da gestão plena da Saúde do município, pois Canoas perdeu as condições mínimas de garantir uma assistência com segurança e qualidade à população”, sustenta o vice-presidente do Simers. Conforme Matias, a solução passa pela troca da administração da saúde, com o governo do Estado fazendo a gestão dos recursos vindos do SUS, e o poder municipal reorganizando as finanças e cumpririndo com os pagamentos devidos aos profissionais de saúde. “Do jeito que a Saúde de Canoas está, não pode mais ficar. É inaceitável que um hospital terciário como o HU não tenha paracetamol, antibióticos, antiinflamatórios ou soro fisiológico. Temos que chamar a atenção para o que está acontecendo”, ressalta Mathias, que defende uma intervenção urgente.

O foco do problema está no setor de pediatria e na Emergência Pediátrica do HU, por conta da grande demanda, escalas incompletas de profissionais e sem materiais suficientes. “O HU é referência para casos de alta complexidade e de alto risco e não há condições mínimas de atendimento. Não há médicos pediatras suficientes no plantão. Cirurgias não podem ser executadas sem a existências de compressas. Isso é extremamente grave! Os médicos estão se desligando do hospital por conta da falta de condições mínimas de trabalho, porque estão comprando medicação com dinheiro do próprio bolso”, relata o vice-presidente do Simers. Mathias acrescentou, ainda, que as cirurgias eletivas foram canceladas no HU a partir desta quinta-feira.

Relatos semelhantes também chegaram ao conhecimento do SindiSaúde. O presidente do Sindicato, Júlio Jesien, disse que exames não vêm sendo pagos pela gestora – a Fundação Educacional Alto Médio São Francisco (Funam) -, e que, pelo segundo mês, os profissionais receberam os salários em atraso.

O vereador e presidente da Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores de Canoas, Gilson Oliveira, disse que a Funam está visivelmente tendo problemas em cumprir com os compromissos acordados no contrato.

O Ministério Público de Canoas informou que recebeu essa semana duas denúncias anônimas, devidamente protocoladas, mas com poucas informações. Esclarece ainda que está reunindo mais informações.

O governo do Estado alega que o município assumiu a gestão plena sobre a saúde. Já a prefeitura de Canoas, apesar de ainda não notificado pelo Simers, se reuniu com diretores da Funam, entre ontem e hoje, para tratar sobre o tema.

Nessa terça, o prefeito em exercício de Canoas, Nedy de Vargas Marques, disse que o município vem cumprindo com todas as obrigações previstas em contrato. Durante a reunião, Nedy determinou que a Funam também cumpra com as responsabilidades que assumiui. “A saúde é uma área prioritária para nós. Por isso, estamos empenhados em resolver os problemas e atender às necessidades dos canoenses. O nosso objetivo é um só: um serviço de saúde de qualidade. Salvar vidas e cuidar das pessoas são os pilares de nosso governo”, destacou.

Já a Funam salientou que necessita de adequações nos limites do contrato em vigência, firmado em 27 de janeiro de 2022, e se comprometeu em restabelecer os serviços e normalizar os estoques. Nedy orientou os secretários presentes na reunião a criarem um grupo de trabalho para analisar o pedido da Funam.