A multidão de pessoas que ocupou a Praça da Alfândega não se vê todo dia. Em mais uma edição, o Noite dos Museus conseguiu lotar os museus do Centro Histórico de Porto Alegre, neste sábado, dia 21. Com filas longas nos principais pontos, como o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), Farol Santander e a Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ).
Rodrigo Nascimento é o idealizador das noites dos museus, ele aponta que no momento ainda não há expectativa de público, “Mais do que a expectativa de público, o que importa é essa participação do público. Entorno não só do evento, mas de curtir a cidade, de se reencontrar com a cidade. Porque esta é uma noite de reencontro, uma noite de não só reencontrar os amigos, mas também se reencontrar com os museus, com a cultura, com a cidade”, comenta. Apesar de não ter os números confirmados, Rodrigo aponta para a rua e comenta sobre o trânsito: “pela mobilização e pela lentidão dos carros (que está tudo parado) acho que temos uma expectativa de público muito grande”. Para ele o importante é que as pessoas tenham uma experiência boa.
Logo no início da noite o Bloco Infantil Areal do Futuro, formado por cerca de 70 crianças e jovens da comunidade do Quilombo do Areal, partiu da CCMQ com seus ritmistas, passistas, porta-estandarte e porta-bandeira em direção a Praça da Alfândega, onde encontrou o grupo de tambores Candombe Porto Alegre, que saiu do Paço Municipal.
Na Rua dos Andradas as crianças seguiam na frente portando os estandartes do bloco, abrindo o caminho em fila indiana. Logo atrás, mulheres utilizavam pernas de pau e vestiam fantasias coloridas e lúdicas. Atrás seguia a banda que tocava as típicas marchas de um bloco de rua. A atração foi seguida pelos gritos do público, que caminhavam juntamente com a atração ou que estavam sentados nos bares ao longo da rua.
Com uma fila enorme, o MARGS foi um dos museus mais visados pelo público. A primeira apresentação da noite no local ocorreu dentro do espaço expositivo do artista visual Guilherme Dable, em sua primeira mostra individual. Acompanhado de três músicos que tocaram instrumentos nos quais carbono filme e papel de arroz são colocados em lugares específicos. A instalação com desenhos e som é intitulada “Tacet”, que significa “silêncio”, em linguagem musical. A performance de músicas improvisadas deu origem a desenhos que foram criados em modo simultâneo à ação dos músicos sobre seus instrumentos.
No Farol Santander o foco foi no jazz. Com apresentações de Cleômenes Junior, acompanhado por Ras Vicente, no piano, Mateus Albornoz, no baixo, e Fernando Catatau, na bateria. Ele conta como foi a experiência de tocar no Noite dos Museus, “foi uma experiência muito legal, o Noite dos Museus é um evento muito bonito, que traz bastante música para cidade e traz muita gente para a rua. Acho que não é tão comum você chegar ao centro no sábado de noite e a Praça da Alfândega estar tão movimentada assim”, comenta o músico.
O jazz não parou por aí. O estilo que tem grande representatividade dentro do Noite dos Museus desde a primeira edição do evento contou com a expertise de Marcelo Corsetti, acompanhado Luke Faro, na bateria, Henrique Mello, no contrabaixo, e Mel Souza, no teclado. O visual era de tirar o fôlego, os efeitos de iluminação combinavam perfeitamente com a arquitetura do Farol Santander.
O número de pessoas circulando na Praça da Alfândega era impressionante. As atrações do palco montado especialmente para o evento fizeram com que o público se animasse. A começar pela escola Imperadores do Samba, que cantou os maiores sucessos do samba, as músicas foram entoadas por todos na plateia, inclusive quem aguardava para entrar em algum dos espaços culturais. Além disso, as bandas femininas As Tubas e 50 Tons de Pretas apresentaram músicas com a temática feminista, elas se intecalaram no palco e ao final tocaram juntas, em uma apresentação inédita.
A Praça também foi museu: algumas semanas antes do evento o Noite dos Museus havia lançado uma campanha para que o público enviasse suas obras de arte para que elas pudessem ser expostas na Praça da Alfândega durante o evento. As ilustrações partem da temática “O que é cultura pra ti?” e foram fundo de muitas fotos das pessoas que passeavam pelo local.
O Noite dos Museus mal acabou, mas Rodrigo Nascimento afirma que já estão planejando o próximo, “nós já estamos pensando no próximo, porque esse tipo de evento é muito complexo, muito grande, mais de 20 espaços, cerca de 100 atrações, então você precisa de tempo para planejar, principalmente um evento que é gratuíto e depende de Leis de Incentivo”, finaliza.