Frio vai impactar preço de alimentos e pressionar a inflação, estima FGV

Foto: André Ávila / CP Memória

O frio que já atinge com força parte dos estados das Região Sul e Sudeste deve também se fazer presente à mesa dos brasileiros. As geadas ameaçam as safras de várias commodities, pressionando ainda mais a inflação dos alimentos. Café, açúcar, soja, além de hortifrutigranjeiros e até carne podem ser impactados.

Para André Braz, economista da FGV (Fundação Getulio Vargas) e coordenador do IBRE (Instituto Brasileiro de Economia), os alimentos já acumulam alta acima da inflação, o que torna a baixa temperatura ainda mais prejudicial.

Com as previsões de geadas no Brasil, grande produtor de café, já houve um aumento de 5,1% nos contratos futuros para julho do produto na ICE (operadora da Bolsa americana). De acordo com dados do IPCA, medido pelo IBGE, em 12 meses o item acumula alta de 65,9%, o que significa que aquele pacote que um ano atrás custava cerca de R$ 10 passou para quase R$ 17 agora.

 “O café foi surpreendido pelas geadas em julho do ano passado, o que fez com que ele subisse muito em um ano, e corre o risco de ser, novamente, prejudicado pelo inverno. O problema é que o ciclo do café é bianual, então leva dois anos para oferta se normalizar e o preço cair. Se no meio desse período ocorre outra geada forte, atrasa mais a recuperação do preço. Ele vai ficar mais caro por mais tempo”, afirma Braz.

EFEITO A GEADA

Segundo o coordenador do Ibre, as geadas ameaçam plantações de soja, de milho e cana-de-açúcar, todas que também sofreram no ano passado e têm ciclos longos. O aumento na cana-de-açúcar encarece o etanol. “A soja e o milho impactam na ração dos animais dos quais a gente consome a carne, fazendo com que a pressão na inflação seja muito maior”, completa.

O açúcar bruto teve, nesta semana, a maior alta para julho desde o final de abril nos contratos futuros (2,7%). A soja registra alta desde o início da semana e subiu, nesta terça-feira (17), 1,3%. O IPCA mostra que, nos últimos 12 meses, o açúcar cristal subiu 36,33%, e o etanol, 30,55%. Já o óleo de soja teve alta de 30,1%, e as carnes no geral, de 9,06%.

ALIMENTOS

Frutas e verduras também são impactadas pelas geadas, mas o inverno tem um efeito menos duradouro no preço desses alimentos. “As lavouras curtas, como alface, tomate, cebola, principalmente folhas e frutos, se estragam com o frio, impactando toda a feira livre. A oferta diminui, e o preço desses alimentos dispara temporariamente”, explica Braz.

Os alimentos in natura têm sido os grandes vilões da inflação. No período de 12 meses, a cenoura acumula aumento robusto conforme a inflação oficial, de 195% — assim como tomate (117,48%), abobrinha (86,83), repolho (59,38%), pimentão (50,18%) e alface (46,22).

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