Estudo brasileiro testa detecção de anticorpos da Covid em amostras de urina

Autores do trabalho dizem que método não invasivo pode ser interessante na hora de testar grandes populações

Foto: Divulgação/NIAID-RML/R7

Uma equipe de cientistas brasileiros desenvolveu um teste capaz de detectar a presença de anticorpos contra o Sars-CoV-2, causador da Covid-19, na urina com precisão comparável à dos testes existentes baseados em soro sanguíneo.

De acordo com o artigo, publicado na revista Science Advances, a técnica oferece um método não invasivo para relatar o grau de exposição de uma população à Covid-19 e para avaliar o risco de infecção de um indivíduo.

Ao contrário do popular teste Elisa (sigla em inglês), baseado em soro, o uso de urina para detectar anticorpos permite que os pacientes coletem, as próprias amostras e não precisem recorrer a especialistas para a coleta de sangue.

Embora os testes de urina sejam não invasivos, simples, convenientes e seguros, os cientistas até agora não haviam estudado se esse fluido corporal era ou não uma alternativa ao soro sanguíneo para detectar anticorpos específicos do vírus Sars-CoV-2, de acordo com o artigo.

Para investigar isso, uma equipe coordenada pela cientista Fernanda Ludolf, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), desenvolveu um teste Elisa à base de urina usando a chamada proteína N do coronavírus.

Eles usaram o ensaio para avaliar 209 amostras de urina de 139 pacientes entre 2 e 60 dias após o início dos sintomas de Covid-19 e compararam os resultados com os do teste Elisa convencional.

Os cientistas descobriram que a plataforma baseada em urina detectou, com sucesso, os anticorpos em 187 das amostras, demonstrando uma sensibilidade de 94%, ante a sensibilidade de 88% do teste baseado em soro.

“Dado que identificamos anticorpos contra a proteína N do Sars-CoV-2 na urina, o desenvolvimento de um teste Elisa de urina com base na proteína S ou pico do vírus também pode ser viável para cobrir outras aplicações de testes sorológicos, como detecção de anticorpos induzidos por vacinas”, escrevem os autores.