A apuração do Carnaval 2022 no Complexo Cultural do Porto Seco, que consagrou nesta terça-feira a escola Imperadores do Samba como campeã da Série Ouro, teve cenas de violência durante a divulgação das notas, o que atrasou a apuração e atrapalhou a festa. No local destinado às torcidas das entidades, houve quebra-quebra e correria. A Brigada Militar (BM) reforçou o policiamento no entorno da tenda onde os resultados eram anunciados e usou bombas de efeito moral para dispersar o grupo, que revidou e arremessou cadeiras e mesas. Agredido com um soco, um fotógrafo do Correio do Povo teve a câmera quebrada.
Conforme a BM, integrantes da Estado Maior da Restinga reagiram com violência ao anúncio das notas. Em meio ao ambiente de tensão e contestação de resultados, após dez minutos, os jurados voltaram a informar a pontuação das escolas do grupo principal do Carnaval. Em uma decisão apertada, com 159,9 pontos, a Imperadores do Samba conquistou o título da primeira edição pós-pandemia. A vice-campeã Bambas da Orgia fechou a disputa com 159,6 pontos, seguida da Imperatriz Dona Leopoldina, que totalizou 158,4.
Com o samba-enredo “Um Espetáculo entre os Palcos da Cidade, a Imperadores do Samba – que ganhou o título pela última vez em 2019 – homenageou os 250 anos de Porto Alegre. Primeira mulher a assumir a entidade, a presidente Luana Costa comemorou a conquista. “A nossa gestão estava desacreditada. A gente ganhar esse título é muito importante para nós, para o fortalecimento da nossa escola e do nosso Carnaval”, afirmou.
Sobre as cenas lamentáveis de violência, ela disse que a União das Entidades Carnavalescas de Todos os Grupos e Abrangentes de Porto Alegre (UECGAPA) deve punir os envolvidos na ação. “A liga tem que punir severamente. Acho que a escola de samba que faz confusão já tem que entrar com pontuação negativa no próximo desfile. As pessoas têm que respeitar as suas escolas, têm que respeitar as coirmãs. E prejudica a imagem de todo o Carnaval, de todos nós”, disse.
O secretário de Cultura, Gunter Axt, também deixou o local antes do fim da apuração. “Acho lamentável que isso tenha acontecido no final, porque isso empana a imagem do Carnaval. E é uma pena porque foi uma festa tão bonita, tudo tão lindo. Mas enfim, o Carnaval vai superar isto e a gente espera que esse tipo de situação não volte a ocorrer”, destacou.
Axt disse que havia rumores em redes sociais sobre a possiblidade de haver tumulto durante a apuração. “Espero que situações como essas não voltem a acontecer. Há algum tempo isso não acontecia”, ressaltou.
Foram avaliados os quesitos bateria; samba-enredo; harmonia musical; tema-enredo; fantasia; evolução; alegorias, e mestre-sala e porta-bandeira. O corpo de jurados, formado por 24 participantes, sendo três para cada quesito, ficou instalado em três cabines ao longo da pista de desfiles.
O prefeito Sebastião Melo, que está em viagem à Suécia e Dinamarca em busca de projetos sustentáveis que possam ser implantados em Porto Alegre, lamentou o episódio de violência. “Carnaval é expressão legítima da cultura popular. E cultura é paz, colaboração, entretenimento. Uma grande parceria viabilizou o Carnaval da retomada neste ano em Porto Alegre. Acompanho com tristeza e lamento profundamente os episódios de violência que ocorrem na apuração”, escreveu, no Twitter.